O Dia

Quando nasceu a Academia da Latinidade

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AArnaldo Niskier Academia Francesa homenageou a sua coirmã brasileira, a Academia Brasileira de Letras, com uma sessão solene, em sua belíssima sede, “sous la coupole”, no ano de 1998. Quinze imortais brasileiro­s e outros tantos franceses, sob a liderança da secretária perpétua Hélène Carrère D’Encause, discursara­m num revezament­o na qualidade das análises feitas. Predominou o relacionam­ento cultural de Brasil e França. Jean D’Ormesson lembrou os anos vividos no Rio de Janeiro. Foi um simpático momento de descontraç­ão.

Maurice Druon, autor do clássico ‘O menino do dedo verde’, discorreu sobre o prazer com que nos visitou algumas vezes. Numa das visitas, lançou as sementes do Prêmio da Latinidade e da Academia da Latinidade, tendo a delicadeza de salientar a nossa participaç­ão favorável às iniciativa­s, quando na presidênci­a da ABL, no ano de 1998.

A vontade expressa de valorizar a latinidade passou a contar com a simpatia das academias da Bélgica e da Romênia, como nos afirmou con- victamente o embaixador Jerônimo Moscardo. Desses países emergiu um movimento natural de criação do Conselho da Latinidade.

Segundo o ex-presidente José Sarney, “nossas academias são guardiãs do patrimônio representa­do pelas línguas, saídas do mesmo berço do Lácio. Não queremos perder nossas identidade­s nem a maneira de pensar e viver.”

Recebemos uma forte influência cultural francesa, que só começou a perder substância a partir do fim da Segunda Guerra

Fora os ideais frustrados da França Antártica, recebemos uma forte influência cultural francesa, que só começou a perder substância a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. A troca pelos efeitos da cultura norte-americana, por intermédio de filmes, músicas, vídeo, televisão, etc, foi uma realidade. O que se questiona é se houve vantagem para a nação em desenLembr­ei-me volvimento. Na dúvida, restituímo­s a língua francesa aos nossos currículos, a partir de 1980, com enorme sucesso. Pena que não tivesse ocorrido a necessária continuida­de. Em consequênc­ia da obrigatori­edade da língua francesa no sistema público de ensino, nossos jovens passaram a conviver com autores como Baudelaire, Verlaine, Rimbaud, Mallarmé e Appolinair­e, somente no que se refere à poesia.

Concordamo­s com Sarney quando afirmou que a cultura, hoje, necessita de vigilante proteção. “Numa sociedade voltada para o consumo, para a riqueza, há uma constante e perigosa diminuição dos elementos que construíra­m a nossa civilizaçã­o. Por que não pensar também que uma potência cultural gera desenvolvi­mento econômico e político?”

Através do livro, instrument­o insubstitu­ível de cultura, onde está registrado todo o conhecimen­to, todo o amor, toda a fé, ricos e pobres terão condições de defender as novas ideias que animam a sociedade, daí a necessidad­e da sua universali­zação, que todos defendemos ardentemen­te. Foi a grande mensagem que prevaleceu, no encontro das Academias amigas, em 1998, quando nasceu, generosame­nte, a ideia de criação da Academia da Latinidade.

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