Exército vai à Ilha, mas não prende ninguém nem apreende armas.
Operação com 1.500 militares tem resultado pífio na Ilha. Em Niterói, PM prende 25, sendo 13 policiais
De um lado da cidade, na Ilha do Governador, uma operação integrada das Forças Armadas com a Polícia Militar mobilizou 1.500 homens do Exército, Marinha e Aeronáutica no Morro do Barbante, na Ilha do Governador. O resultado: quatro motocicletas apreendidas, mas nenhum criminoso preso. No outro extremo da Região Metropolitana do Rio, em Niterói e São Gonçalo, uma ação do Ministério Público Estadual com a Corregedoria da PM prendeu pelo menos 25 acusados de envolvimento com o tráfico, sendo 13 deles policiais militares.
Os PMs, do 7ª BPM (São Gonçalo) e do 12ª BPM (Niterói), são acusados de fornecer para criminosos armas e materiais oriundos de cargas roubadas e de receber propina para fazer vista grossa ao tráfico de drogas. Até mesmo fuzis eram revendidos aos bandidos. Em junho, a Polícia Civil já havia realizado a Operação Calabar e preudeu 96 PMs de ambos os batalhões, acusados de envolvimento com o tráfico.
Na ação de ontem, batizada de “Dark of the city”, realizada ontem em comunidades de ambos os municípios, o objetivo era cumprir 39 mandados de prisão, sendo 16 contra PMs. Até o fim da tarde, três policiais militares estavam foragidos. A maioria dos PMs com mandados de prisão é do 12ª BPM (Niterói), mas há policiais do 7ª BPM (São Gonçalo), do 35ª (Itaboraí) e do Batalhão de Choque. De acordo com o MP, os criminosos atuam nas comunidades do Sapê, Badu, Largo da Batalha, Morro da Cocada, Bromélia, Morro do Céu, Barraca Azul, Caju, Ponte Amarela, Mirante, Lajão e Complexo do Caramujo.
Na chegada dos agentes na comunidade da Grota, em Niterói, onde foram cumpridos mandados de prisão, houve confronto entre PMs e bandidos e um suspeito, segundo a polícia, foi morto. Outros oito suspeitos foram presos em flagrante. Os policiais também cumpriram nove dos 23 mandados de prisão expedidos, sendo que cinco criminosos já estavam presos. Entre os detidos está Júlio Cesar Silva Cardoso, o “Nhanhão”, acusado de chefiar o esquema de pagamento de propina aos PMs. Segundo a denúncia, três dos presos da operação são informantes da polícia, popularmente conhecidos como “X-9”.
Segundo o promotor Alexander Araújo, do Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), os informantes eram responsáveis pela comunicação entre os PMs corruptos e traficantes. “Os informantes passavam informações privilegiadas aos policiais militares para localizar e extorquir determinados traficantes e também intermediavam a venda de armas apreendidas pelos policiais. Há interceptação que mostram que cargas roubadas também eram vendidas”, detalhou. Segundo o MP, as investigações começaram há mais de dois anos.