O Dia

O cidadão e a cidadania

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DPedro Fernandes esde que assumi a pasta da Assistênci­a Social e Direitos Humanos do Município do Rio, não há um dia que não ouça a pergunta: “O que vai fazer para resolver o problema da população de rua?” Hoje, talvez seja a questão social que mais chama a atenção no cotidiano da nossa cidade. E não há limite geográfico. A mesma percepção existe da Zona Sul à Zona Oeste, do Centro à Zona Norte. E cada um acha que o problema é maior na sua região.

Pessoas em situação de rua são uma questão mundial. Se a culpada da vez é a crise financeira, em outros tempos já foi a guerra. Fato é que eles sempre existiram, e a busca por uma solução não é simples. Envolve comprometi­mento sério do Estado em Saúde, Educação, Segurança e cidadania. Resumindo: o básico. E, infelizmen­te, nem sempre investimos o necessário ao longo da nossa história.

Se a França, quase do tamanho de Minas Gerais, com todo seu aparato democrátic­o e social e um histórico de lutas e defesas do cidadão tem, hoje, uma multidão vivendo nas ruas, imaginem um país como o Brasil, que ainda luta contra o trabalho escravo.

A cidade do Rio tem, atualmente, cerca de 12 mil moradores de rua, segundo levantamen­tos da nossa secretaria

Lá, os SDF (Sem Domicílio Fixo), como são chamados, têm direito a um atendiment­o humano, com assistênci­a médica, psicológic­a e social, como todo cidadão. E isso não signi- fica “passar a mão na cabeça”, como muitos apregoam, mas dar condições para que retomem sua vida, seu trabalho, sua cidadania.

A cidade do Rio tem, atualmente, cerca de 12 mil moradores de rua, segundo levantamen­tos da nossa secretaria. Alguns especialis­tas, porém, estimam em mais de 15 mil as pessoas vivendo nas ruas da nossa cidade.

Hoje, nosso trabalho na prefeitura consiste em levar não apenas dignidade, mas também oportunida­des a essas pessoas. Oferecendo a possibilid­ade de dormir em um lugar limpo, tomar um banho, resolver questões burocrátic­as de documentos, reencontra­r a família ou fazer um curso profission­alizante. Porque quem está na rua sofre, diariament­e, a maior violência que pode sofrer um ser humano: a de não ser considerad­o cidadão.

Nosso caminho é longo e não é nada fácil, mas não podemos fingir que ele não existe. Passamos por ele todos os dias, a caminho do trabalho, da escola, da faculdade ou do bar. Compreendê-lo, ajuda muito a encontrar uma solução.

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