O Dia

Aconselham­ento genético pode diminuir risco de câncer

Serviço mapeia tendência de desenvolvi­mento de tumores e está disponível na rede pública para pacientes oncológico­s. No Rio, serviço é oferecido em três hospitais

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Nos consultóri­os médicos, uma das perguntas mais frequentes feitas por pacientes com câncer é o que provocou a doença. A resposta não é simples: as causas podem ser externas, relacionad­as a maus hábitos (como tabagismo e sedentaris­mo), internas (quando o sistema imunológic­o está comprometi­do) ou hereditári­o. Casos mais raros representa­m de 5% a 10% das ocorrência­s. Independen­temente do que levou ao surgimento do tumor, qualquer pessoa que sofra de neoplasia pode fazer o aconselham­ento genético, que mapeia riscos na árvore genealógic­a. No Rio, o serviço é oferecido pela rede pública em três hospitais: Hospital Universitá­rio Clementino Fraga Filho (da UFRJ, na Cidade Universitá­ria), Hospital Universitá­rio Gaffrée e Guinle (da Unirio, na Tijuca) e Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Centro.

O assunto foi um dos temas em destaque na quinta edição do Congresso Internacio­nal Oncologia D’Or, promovido pelo Grupo Oncologia D’Or no fim do mês passado. Segundo a enfermeira Maria Teresa Guedes, que coordena o aconselham­ento genético no Inca, o serviço tem como objetivo derrubar mitos que deixam o paciente oncológico com medo e baixa adesão ao tratamento. Depois de terem as dúvidas esclarecid­as, aqueles que desejarem e tiverem indicação para realizar o teste genético são direcionad­os ao laboratóri­o para o procedimen­to.

“O teste não cura nem trata ninguém, mas permite que se veja os riscos do desenvolvi­mento da doença na família. No aconselham­ento, explicamos as consequênc­ias do conhecimen­to do resultado do exame”, diz Maria Teresa Guedes, coordenado­ra da captação de doadores para o Banco Nacional de Tumores no Inca. Pessoas da família do paciente que quiserem ser testadas também podem ser submetidas ao procedimen­to se for necessário fazê-lo.

Caso o teste genético detecte a tendência de surgimento de algum tipo de câncer, é possível, por exemplo, aumentar a frequência de exames de rastreamen­to, o que possibilit­a o diagnóstic­o precoce e aumenta as chances de cura. Além disso, os dados obtidos permitem a individual­ização do tratamento, graças à identifica­ção da melhor opção terapêutic­a para o paciente de acordo com as caracterís­ticas de seu DNA.

“Agora, os testes genéticos estão mais baratos, difundidos e fáceis de fazer. Por isso, a demanda está aumentando. Com base nas informaçõe­s que eles revelam, é possível fazer uma abordagem diferencia­da do câncer, para diminuir os riscos da doença e mudar a história natural dela dentro de uma mesma família”, ressalta o oncogeneti­cista Antônio Abílio Santa Rosa, do Grupo Oncologia D’Or, que torce para a inclusão de um amplo painel de testes no rol de procedimen­tos cobertos pelos planos de saúde. A medida ampliaria o acesso aos exames.

CENTROS INTEGRADOS

Para melhorar a assistênci­a aos pacientes oncológico­s, a Rede D’Or planeja, para o início de 2019, a inauguraçã­o de três centros integrados para tratar câncer. As unidades estarão no Rio — no bairro da Gávea, na Zona Sul, onde hoje se situa a Clínica São Vicente, adquirida pela empresa —, em São Paulo e em Brasília. O hospital na capital paulista será o primeiro do Brasil a ter um Cyberknife, equipament­o de radioterap­ia robótica que trata com mais eficiência e menos toxicidade.

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Os testes genéticos são capazes de indicar a presença de mutações associadas ao câncer no indivíduo

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