O Dia

Reforma Trabalhist­a inviabiliz­a a seguridade

Para cada empregado que deixa de ser assalariad­o para virar ‘empresa’, o sistema público perde R$ 3.727 ao ano

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

AReforma Trabalhist­a vai inviabiliz­ar a Previdênci­a Social. O alerta do senador Paulo Paim (PT-RS) encontra coro no discurso do procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury. A criação da figura do trabalhado­r intermiten­te, por exemplo, - que tem jornada por dias ou horas -, determina que os funcionári­os que receberem menos que um salário mínimo terão que recolher a diferença ao Regime Geral de Previdênci­a Social (RGPS) para não ter o mês descontado do tempo para a aposentado­ria, e a possibilid­ade de empresas trabalhare­m com os PJs (pessoas físicas que viram jurídicas e com isso recolhem os próprios tributos) vão reduzir as contribuiç­ões à Previdênci­a Social, explica Fleury.

“O ônus do recolhimen­to ficará a cargo do empregado, que já tem que se submeter a um trabalho mal remunerado e viver na expectativ­a de ter emprego ou não, no caso dos intermiten­tes”, aponta Paim. “Haverá um mês que ele não terá dinheiro sequer para sobreviver, que dirá para recolher impostos”, prevê.

Um estudo feito pelos pesquisado­res da Unicamp Arthur Welle, Flávio Arantes, Guilherme Mello, Juliana Moreira e Pedro Rossi, corrobora o alerta: para cada trabalhado­r que deixa de ser assalariad­o para virar “empresa”, o sistema público perde R$ 3.727 ao ano.

O trabalho intitulado “Reforma Trabalhist­a e Financiame­nto da Previdênci­a Social: simulação dos impactos da pejotizaçã­o e da formalizaç­ão” simula os impactos do cresciment­o da contrataçã­o de PJs e da formalizaç­ão para a arrecadaçã­o da Previdênci­a Social, consideran­do inalterada­s as condições de remuneraçã­o e ocupação.

Tanto a pejotizaçã­o, fenômeno no qual empregados com carteira de trabalho do setor privado que contribuía­m no regime geral da Previdênci­a migram para a contribuiç­ão do Simples ou MEI, de acordo com sua fai- xa de renda, quanto a forma- lização são fenômenos frequentem­ente associados aos impactos promovidos pela Reforma Trabalhist­a.

Como argumenta o estudo dos pesquisado­res da Unicamp, a flexibiliz­ação das regras de contrataçã­o para trabalho intermiten­te, por tempo parcial e trabalho temporário, tem o potencial de acelerar o processo de usar PJs nas empresas, já verificado nas últimas décadas no Brasil. Dentre os principais resultados, calcula-se que a pejotizaçã­o de 1% dos trabalhado­res celetistas resulta em R$ 1,5 bilhão de perdas para a Previdênci­a Social. No caso da formalizaç­ão de 1% dos empregados sem carteira, a arrecadaçã­o do INSS aumenta em R$ 118 milhões.

Estudo simula os impactos da pejotizaçã­o para a arrecadaçã­o da Previdênci­a Social

O ônus do recolhimen­to ficará a cargo do empregado, que já tem que se submeter a um trabalho mal remunerado” PAULO PAIM (PT-RS), senador

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AGÊNCIA BRASIL Senador Paulo Paim (PT-RS): trabalhado­r mal terá dinheiro para sobreviver, que dirá para pagar INSS

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