Jovens negras correm mais risco de morte
Em Alagoas, negros de 15 a 29 anos correm 12,7 vezes mais risco de morte
Pesquisa feita pela Secretaria Nacional da Juventude e pela ONU mostra que elas têm duas vezes mais chances de serem mortas que as jovens brancas. A pior situação é a de Alagoas.
Uma jovem negra no Brasil corre risco 2,2 vezes maior de ser morta do que uma jovem branca, segundo o relatório ‘Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência’, divulgado ontem.
A pesquisa, feita pela Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), também mostra que a violência contra o jovem negro, considerando ambos os sexos, se agravou nos últimos dois anos. O risco médio hoje é de 2,7, enquanto em 2015 era de 2,5.
“Houve um aumento, estatisticamente pequeno, mas muito significativo do ponto de vista social. Mostra que o Brasil não conseguiu trabalhar para reverter ou pelo menos diminuir essa situação. A violência se agravou contra esses jovens”, afirma Marlova Noleto, representante da Unesco no Brasil.
A situação mais preocupante é a de Alagoas, onde os jovens negros correm 12,7 vezes mais risco de serem mortos, seguida da Paraíba, onde a diferença é de 8,9 vezes.
Os jovens de 15 a 29 anos representam um quarto da população brasileira e estão entre as maiores vítimas de homicídios. Dados do ‘Atlas da Violência de 2017’ mostram que mais da metade das pessoas mortas por homicídios em 2015 era jovem (54,1%). Entre as vítimas, 71% negros (pretas e pardas) e 92% do sexo masculino.
“Os resultados permitirão desenvolver ações mais direcionadas, contribuindo para a redução das assimetrias de gênero e o combate ao racismo no Brasil”, disse Francisco de Assis, secretário nacional de Juventude.