O Dia

Familiares questionam PM sobre morte de adolescent­e

Mãe e padrinho alegam que Guilherme de 15 anos, morto com um tiro pelas costas na Rocinha, não usava bermuda com dizeres ‘Amigos do Rogério 157’

- Reportagem da estagiária Luana Dandara, sob supervisão de Thiago Antunes

Os familiares do adolescent­e morto com um tiro na Favela da Rocinha no último sábado afirmaram ao DIA que policiais militares trocaram sua bermuda para incriminá-lo. Segundo foto divulgada pela polícia, Guilherme da Silva Veríssimo, 15 anos, usava vestimenta com os dizeres “Amigos do Rogério 157”, em alusão ao chefe do tráfico da comunidade, preso no início do mês. O enterro de Guilherme será hoje, às 15h, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

A mãe do rapaz, Luana Silva, contou que ele saiu de casa com short de cor diferente, azul escuro. O da imagem divulgada tem detalhe branco. “Ele não estava com essa bermuda nem quando saiu, nem quando encontramo­s o corpo, só vi pela foto. Meu filho nunca teve envolvimen­to com o tráfico, tinha ido jogar futebol com amigos. Era inocente”, reiterou.

Edson Aquino, padrinho do menino, reafirmou a versão. “Escutamos de casa um tiro e logo veio a notícia que o Bope matou o Guilherme. A bermuda dele estava arriada, no mínimo, tentaram tirar para incriminá-lo”, afirmou Aquino.

Os familiares acreditam que o adolescent­e correu ao se assustar com os tiros e foi confundido com traficante. “Recebi vídeo que dá para ouvir os disparos. Só policiais estavam atirando, pausadamen­te. Foi um sniper”, afirmou Edson Aquino. A vítima foi atingida nas costas com um único tiro.

A mãe de Guilherme contou que, ao buscar o corpo, perguntou sobre o celular que estava no bolso da bermuda, e os militares respondera­m que nada tinha sido achado, o que contraria a versão da corporação. Segundo ela, os policiais apontaram uma arma em sua direção para não deixá-la chegar perto do filho.

“Questionei sobre como desceriam o corpo e eles disseram que o arrastaria­m pelas escadas. Então eu mesma carreguei com o padrinho dele. Amarramos em um cobertor e o levamos enrolado na porta de uma geladeira”, lamentou.

A PM informou, em nota, que policiais do Bope encontrara­m o corpo de um suspeito após confronto com criminosos e que, além da bermuda com os dizeres da quadrilha de 157, haveria um fuzil AK-47 com o jovem. A Delegacia de Homicídios (DH) investiga o caso.

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REPRODUÇÃO Enterro de Guilherme será hoje no Cemitério São João Batista

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