O Dia

NA MALANDRAGE­M

Anitta lança o clipe ‘Vai Malandra’, que promete ser o hit do verão, e diz que a música é a sua “tacada final”.

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A coluna assistiu ao clipe ‘Vai Malandra’, que será lançado nesta segunda-feira, às 11h. O clipe começa com um close gigantesco na bunda de Anitta, andando, com as celulites à mostra, e subindo na garupa de um motoboy do Vidigal. A partir daí, é muita gente sexy e real se requebrand­o, nadando na piscina em cima de um caminhão e dançando na rua da favela à noite. No final, Anitta surge deslumbran­te, sozinha, descendo o morro. A música é chiclete e vai virar o hit do verão 2018, escrevam! Anitta conversou com a coluna (ela mesma e não seu assessor!) e explicou o clipe em detalhes.

■ O clipe começa com um close na sua bunda. E aparecem celulites. Por que você não pediu para tratarem no Photoshop?

● Eu coloquei neste clipe coisas que estou acostumada a ver desde a minha infância. Tomar sol na laje, tomar banho de borracha, coisas que eu sempre tive na minha infância! Eu coloquei coisas muito reais, quis mostrar a realidade ali como ela é! E quando eu vi que a minha celulite estava aparecendo, pensei: ‘Pra que eu vou ficar me escondendo? Eu não vou ficar perdendo tempo, maquiando, fantasiand­o coisas... Gosto muito de ser verdadeira com meu público. E a minha vontade era causar autoestima nas mulheres mesmo. Eu queria que todas entendesse­m que mesmo a pessoa sendo artista, ela é uma mulher como todas vocês, mulheres! Eu não quis me esconder por trás do Photoshop por causa disso. Quero que o público veja mesmo a realidade.

■ Você escolheu o Vidigal, mas não aparecem imagens do mar. Só mesmo da favela. Por que não usar imagens tradiciona­lmente turísticas? Foi a volta à sua origem?

● Na minha infância, eu não tinha muito esta coisa de paisagem, de vista... Era tudo muito longe pra você ter acesso à praia. A minha vista era isso mesmo: casas, comunidade, galera, povo... Então nem todas essas comunidade­s têm esta vista incrível! E eu queria mostrar a beleza da comunidade, sem a ajuda de artifícios como um mar maravilhos­o, do céu, da vista, e mostrar a beleza daquele povo.

■ Entre os figurantes está uma mulher trans binária, um andrógeno, a Jojo Todynho... Enfim, qual foi a sua intenção ao misturar todos?

● Olha... Escolhi a Jojo porque ela é artista de um amigo meu, o DJ Batata, que me ajudou bastante no início. Eu liguei pra ele e falei: “cara, eu estou gravando um clipe, vem aqui com a Jojo”. A intenção é mostrar a diversidad­e mesmo, porque tem de tudo na comunidade. Eu acho tudo muito incrível! São pessoas de lá mesmo do Vidigal! A gente não usou figurantes de outros lugares, a gente usou a galera de lá mesmo!

■ A batida de ‘Vai Malandra’ está muito próxima ao rap, mais do que o funk carioca. Estou certo?

● Não! Tem uma parte que a música vira hip-hop, que é onde entra um rap em inglês do Maejor, que faz parte da música. Ele é rapper e cantor também. Ele faz música com Justin Bieber. Fez algumas faixas do álbum dele.

■ ‘Vai Malandra’ mostra um Rio na veia, superconte­mporâneo e verdadeiro. ‘Vai Malandra’ tem um claro objetivo internacio­nal. Estou certo?

● Não! Na verdade, o ‘Vai Malandra’ não tem o objetivo internacio­nal. Pelo contrário! O objetivo era fina- lizar mesmo, mostrando as origens. Fazendo este projeto eu mostrei muitas coisas diferentes, como línguas, outros ritmos, os ritmos mais fortes, como o reggaeton, o eletrônico. Fiz um inglês lento, puxando para bossa nova, que é um ritmo mais brasileiro.

■ Mesmo antes do lançamento, você já mudou a vida de muita gente que participa do clipe. Pietro Baltazar ficou conhecido nacionalme­nte, Jojo Todynho também virou nacional, Goan (modelo andrógeno) foi contratada por Sergio Mattos e foi fotografad­a por Mario Testino. Você tem noção do que pode provocar na vida de uma pessoa?

● Eu nunca tive muita noção. Agora, eu estou tendo mais. Não tinha parado para pensar como eu faço uma coisa que pode mudar a vida da pessoa para sempre! Mas daí chegou uma fase na minha vida que todos passaram a me falar isso: o quanto mudou a vida, o fato de eu ter feito “x” ou “y”, e ter mudado a vida desta pessoa. Para mim, foi um ato superpeque­no, mas para essas pessoas mudou a vida delas! E eu me sinto muito especial por isso, quando recebo mensagem das pessoas falando o quanto fez diferença, muda meu dia porque fiz de coração, sem pensar.

■ Qual a mensagem que você quis passar com ‘Vai Malandra’?

● Ah, eu quis passar uma mensagem de liberdade! De a gente reconhecer caracterís­ticas que nós temos na nossa cultura. Eu quis mostrar uma coisa que estive acostumada durante toda a minha infância. Tudo que envolve beleza, criativida­de e naturalida­de a gente tem que sentir orgulho! O que não dá pra sentir orgulho é da falta de caráter, do roubo, da corrupção... Isso sim, são coisas para se envergonha­r do nosso país!

■ ‘Vai Malandra’ é o seu checkmate? ● Sim! O ‘Vai Malandra’, pra mim, é a minha grande tacada. A tacada final mesmo! É a que eu sei que todos vão amar. Algo que volta às minhas origens... A minha raiz é o meu grande checkmate! Até porque eu vim de um lugar muito diversific­ado. O fato de eu ter vivido grande parte da minha vida nesta realidade faz com que eu aprenda com muito mais força, sempre lembrando de onde vim e como consegui. Então, eu sempre vou ter orgulho disso. Esse é o meu checkmate!

■ Quanto tempo agora você vai ficar sem lançar uma música após essa sequência mensal?

● Música minha vai demorar um pouquinho. Mas terão músicas de outras pessoas com participaç­ão minha.

■ Você tinha previsto lançar ‘Vai Malandra’ no meio do Vidigal, mas acabou desistindo por causa da violência. Você muda a sua vida por conta do medo da violência do Rio? ● Não! Eu não tenho mudado a minha vida até porque infelizmen­te convivi com isso a minha vida inteira. No Rio, principalm­ente, não é uma coisa nova! É uma coisa que eu sempre vivi e acaba que infelizmen­te a gente vai se acostumand­o. Isso não é nem legal de falar, mas a gente vai, sim, se acostumand­o. O fato de a gente ter mudado o plano do lançamento é porque realmente poderia ficar perigoso para todas as pessoas. Até porque é assim: de repente, acontece algo que a gente não está esperando!

■ Avalie a sua vida em 2017.

● Foi um ano muito importante pra mim. Eu aprendi muita coisa, amadureci muito... Foi um ano de quebrar barreiras, de mostrar a minha capacidade para as pessoas! Um ano de amor também, e foi um ano que eu consegui ser feliz em todos os aspectos da minha vida! Estou muito realizada! Acho difícil 2018 ser um ano que vai superar. Mas a verdade é que todo ano eu falo isso (risos).

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