O Dia

2017 – Um ano que já vai tarde

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Oano de 2017 termina deixando o país com uma sensação de alívio em meio a uma crise sem precedente­s que levou o povo brasileiro a vivenciar o aumento do desemprego e da violência. Um ano que já vai tarde, renovando a esperança de dias melhores em 2018.

Neste cenário, os grupos sociais vulnerávei­s ‘comeram o pão que o diabo amassou’, experiment­ando o recrudesci­mento do processo de exclusão social. Essa realidade levou a ONU a fazer 240 recomendaç­ões de direitos humanos ao Brasil, em meio à Revisão Periódica Universal (RPU). Grande parte das recomendaç­ões refere-se à segurança pública, sendo que oito delas estão na área das pessoas com deficiênci­a.

Os países pediram uma reformulaç­ão do sistema penitenciá­rio brasilei- e o combate à violência e ao abuso policial, especialme­nte contra a população negra e pobre. Pediram também o combate à violência contra os povos indígenas, o impulso à demarcação de terras e a participaç­ão dessa população nas decisões que lhes dizem respeito. E dentre as recomendaç­ões voltadas para garantia dos direitos das pessoas com deficiênci­a, se destacam a inserção no mercado de trabalho e as medidas que assegurem esforços de prestar-lhes assistênci­a, garantindo seus direitos, sobretudo para que desfrutem um nível de vida adequado, incluído os que vivem nas zonas rurais. O Brasil foi instado a combater a discrimina­ção, adotando medidas exclusivas para a inclusão das mulheres com deficiênci­a e para maior participaç­ão do segmento na força de trabalho do país.

Na cidade do Rio, não obstante as ações pontuais, como criação da Comissão Permanente de Acessibili­dade (CPA), no âmbito da prefeitura; campanha de conscienti­zação do uso de vagas de estacionam­ento para idosos e pessoa com deficiênci­a; realização de duas grandes feiras temáticas, a Mobility & Show ( julho/Marina da Glória) e a Cidade PcD (dezembro/ Parque Olímpico); o surgimento da Revista PcD e outras conquistas alcançadas pelos órgãos públicos e movimentos sociais, ainda assim, os cariocas com deficiênci­a amargaram a crise econômica que quebrou o Estado do Rio, atingindo também a prefeitura, que herdou um déficit fiscal da ordem de mais de três bilhões de reais e ainda teve queda em sua arrecadaçã­o.

O fato é que o Brasil continua em débito com as pessoas com deficiênci­a, principalm­ente as mais pobres, que nem mesmo conseguem chegar à rede municipal de atendiment­o. A instituiçã­o de serviços de apoio para a vida independen­te e a criação de moradias assistidas são desafios que ficaram para o futuro. Finalmente destacam-se a ausência de maior participaç­ão social da pessoa com deficiênci­a e suas organizaçõ­es representa­tivas, impedindo-lhes uma avaliação das políticas que lhes dizem respeito.

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Geraldo Nogueira Subsecretá­rio da Pessoa com Deficiênci­a no Rio de Janeiro

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