Doutor Samuel assume que é gay
Flagrado pela mãe, personagem de Eriberto Leão na novela das nove abre o jogo e vai morar com Cido
Oque o doutor Samuel (Eriberto Leão), de ‘O Outro Lado do Paraíso’, sempre temeu está prestes a acontecer. Na primeira semana de janeiro, Adinéia (Ana Lucia Torre) vai desmaiar ao flagrar o filho vestido como uma mulher ao lado de Cido (Rafael Zulu). O susto, porém, é só uma faísca do que ainda está por vir: em breve, Suzy (Ellen Rocche) também encontrará Samuel e o motorista juntos e fará questão de espalhar para todos do hospital que o médico é gay.
“A princípio, vai ser terrível. O mundo dele acaba quando a mãe e a Suzy descobrem a verdade. Depois, a partir do momento que ele não precisa mais mentir, acho que vem um alívio muito grande”, adianta Eriberto.
A trama de Walcyr Carrasco, que é muito elogiada pelo intérprete de Samuel, vai trazer ainda mais surpresas para o núcleo do psiquiatra. Segundo o artista, após o escândalo, Samuel e Cido vão morar juntos. Suzy, que ficará muito próxima de Clara (Bianca Bin), descobrirá que está grávida do médico e também se abrigará no lar de Adinéia.
“Se o Cido vai ficar com a Suzy e o Samuel ao mesmo tempo? (risos). Eu não sei mesmo. Eu estava lendo (os capítulos) e chegou uma hora que foi meio que tombando para esse lado. Seria uma loucura, uma delícia artisticamente falando”, afirma Zulu.
A liberdade para ser quem sempre foi, junto com a notícia de que terá um herdeiro, mudará completamente a vida do diretor do hospital. A gravidez da enfermeira Suzy, que será de risco, também mostrará ao médico que, apesar de frio, ele sempre teve sentimentos. “O filho dele será gerado perto dele com o namorado e com a mãe, que já o aceita. Esse cara será uma outra pessoa agora. Ele ficará aberto para sentir aquilo sem barreiras e sem punições”, conta Leão.
Intérprete de Cido, Zulu enxerga a nova fase do folhetim com bons olhos. Segundo ele, o motorista bissexual vai trazer leveza para a casa de Samuel e não ficará com o médico só por causa do dinheiro.
“O Cido é um bofe que gosta de outros bofes, mas nada supera o amor. Depois que ele tomou um tiro, viu que o Samuel moveu mundos e fundos para que ele se salvasse”, avalia o artista.
Para viver o personagem, o ator emagreceu oito quilos e fez a classificação indicativa subir quando tirou a camisa. “Eu me surpreendi ali. Quando olhei, eu falei: ‘Eita, o bicho pegou’.”
REtRato da REalidadE
Diferentemente de seu personagem de “O Outro Lado do Paraíso”, Rafael Zulu diz que jamais se relacionaria com duas pessoas ao mesmo tempo. Para compor um personagem tão diferente dele, o ator diz que tentou se colocar no lugar de amigos e acabou tendo uma revelação.
“Eu comecei a fazer a novela e recebi uma mensagem de um amigo de muito tempo, lá de São Gonçalo, que vive a mesma história do Cido”, conta o artista.
Segundo ele, o desabafo do rapaz, que é bissexual, mudou seu jeito de interpretar o texto de Walcyr Carrasco. “Ele não abriu isso para o mundo, mas quando ele dividiu isso comigo de maneira tão rica, em detalhes, eu falei: ‘Cara, eu não tinha ido tão fundo e não tinha ouvido isso de ninguém’ ”, revela Zulu.
Eriberto Leão ficou surpreso quando soube da história contada pelo parceiro de cena e revelou que também já recebeu muitas mensagens nas redes sociais. A maioria, segundo ele, de pessoas que se identificam com o psiquiatra da trama das 21h.
“Antes, eu tive contato de uma maneira indireta com pessoas que conheciam histórias. Agora, recebo mensagens de pessoas que eram casadas, depois se assumiram e que foi difícil no início, mas hoje sabem que valeu muito a pena. Eu penso que isso é uma realidade”, argumenta o ator.
No lançamento da novela, em outubro, Eriberto afirmou que Samuel é o personagem mais difícil de sua carreira. Sem mudar de ideia, agora, ele explica que isso tem a ver com as tantas camadas que o doutor proporciona e aproveita para exaltar que a sexualidade não é o último tema discutido no folhetim.
“A nossa novela trata de várias outras questões que permeiam nas famílias brasileiras e que são negadas. Existe um outro lado desse paraíso e só há uma maneira de a gente conseguir avançar, que é vendo as coisas como são.”