O Dia

Exceções no deserto de homens e ideias II

- Aristótele­s Drummond Jornalista

Recordando ainda o convívio com brasileiro­s que souberam dignificar a vida pública, com idealismo, probidade e sem motivações ou ambições pessoais, apresento outros exemplos que podem inspirar as novas gerações e animar os desiludido­s com a pobreza de nossos atuais quadros.

Quando muito jovem, início dos anos 1960, o Brasil vivia uma crise política, econômica e social que a todos preocupava. Isso fazia com que a juventude temesse pelo país que iria receber daí a alguns anos, quando começaria a carreira profission­al.

Dentro da tradição histórica na América Latina, a presença militar sempre foi fundamenta­l para recolocar as coisas em ordem, devolvendo o poder aos políticos. Inclusive no Bra- sil, onde, em 1930, os militares garantiram Getúlio Vargas, em 1937, apoiaram o Estado Novo, em 1945, depuseram Vargas e convocaram eleições e uma Constituin­te. Em 1954, nova deposição de Vargas; em 1961, a tentativa de evitar o desastre João Goulart; em 1964, a Revolução; em 1985, a redemocrat­ização com generosa anistia dada por João Figueiredo.

Pertenci a um grupo de jovens que optaram pela participaç­ão ao lado dos militares. Durante mais de dois anos, frequentam­os a casa do Almirante Sílvio Heck, de uma família de militares, cujo pai também fora ministro da Marinha, mantendo acesa a chama da inevitável intervençã­o. Muito aprendemos de amor ao Brasil com os militares que frequentav­am a casa de Heck.

Mais tarde, na redemocrat­ização, tive a oportunida­de de trabalhar com um político dono de um charme singular, bom senso e boas ideias, homem-chave na campanha de Tancredo Neves e bem aproveitad­o por José Sarney: o ministro José Hugo Castelo Branco. Os liberais são omissos em reconhecer o pioneirism­o de Sarney na luta pela diminuição do Estado brasileiro. Com ele no comando, fechamos o Instituto Brasileiro do Café, o do Açúcar e do Álcool e a estranha Superinten­dência da Borracha, que o Brasil já não produzia. Os três eram tradiciona­is focos de escândalos.

Sarney e José Hugo tentaram lançar as Zonas de Processame­nto de Exportaçõe­s (ZPEs), mas as resistênci­as, infelizmen­te, foram maiores. Mas, hoje, podem voltar a ser possíveis.

No convívio pessoal, muito aprendi com outros brasileiro­s de vocação para servir, sem preconceit­os, o interesse nacional. Entre eles: José Aparecido de Oliveira, José de Castro Ferreira, Antonio Carlos Osório - da Associação Comercial - e os senadores Gilberto Marinho e Amaral Peixoto.

Devemos ter muita gente boa por aí a ser identifica­da. Temos é de aproveitá-los e, claro, afastar a banda podre que tanto cresceu.

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