O Dia

Um dia depois do temporal, o mar de esgoto nas ruas

Chuva agrava problema em Meriti. Ruas e casas são inundadas e moradores e prefeitura culpam empresas

- RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Chuva forte caiu na tarde de terça-feira, mas ainda ontem ruas e casas do bairro de Coelho da Rocha, em São João de Meriti, estavam inundadas de lama e esgoto. Nesta quarta-feira, voltou a chover no local.

Otemporal de terçafeira entrou para a história dramática de bairros de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A chuva forte alagou várias ruas e invadiu as casas, misturada a esgoto, um problema que moradores já enfrentava­m nos últimos meses. Coelho da Rocha e Venda Velha foram os mais prejudicad­os do município. Na noite de ontem voltou a chover e o problema aumentou nos bairros. A prefeitura decretou estado de calamidade pública.

Em Coelho da Rocha, muitas saídas de esgotos, que normalment­e desembocam no Rio Sarapuí, transborda­ram misturando água e dejetos e inundando casas em mais de oito ruas. Muitos moradores ficaram ilhados. Em Venda Velha, o dique de uma construção se rompeu, pela terceira vez, e inundou diversas residência­s. Ao menos cinco famílias perderam tudo por causa da lama que invadiu o imóvel.

No Conjunto Habitacion­al Azul, em Coelho da Rocha, o problema já deu sinal de alerta antes mesmo da chuva. Na noite de Natal o esgoto das tubulações começou a voltar para as casas. Moradores atribuem o problema à construção de uma empresa de logística no bairro. “Há quase dez dias estamos enfrentand­o isso. Mas piorou na terça-feira por causa da chuva. A minha casa está cheia de água e esgoto”, se queixou o empresário Wallace Lima, de 27 anos, que mora no bairro há quatro anos e decidiu deixar o local ontem. “Tive que sair de casa e dormir na minha sogra. Estamos falando com a prefeitura para resolver a situação e nada foi feito. Agora que as casas do bairro estão cheias de esgoto, decidiram tentar resolver algo”, acrescento­u o jovem.

Esgoto e água de chuva se misturaram e chegaram a quase um metro de altura nas ruas e nas casas. “Moro aqui desde 1969 e todo ano é assim. Após obras da CCR Nova Dutra e da LSP Logística São Paulo a nossa vida piorou. As construçõe­s foram feitas em cima do canal que colhe a água e deságua no Rio Sarapuí. Por isso, estamos enfrentand­o problemas há alguns anos”, tenta explicar Errisson Pereira Nunes, 60 anos, aposentado que já perdeu a conta de quantas vezes perdeu móveis e eletrodomé­sticos por conta da chuva.

À tarde, a prefeitura tentou improvisar um canal de escoamento para a água e o esgoto. Usou retroescav­adeira para quebrar parte da obra nos fundos da empresa, mas não conseguiu solucionar. Procurada, a LSP Logística São Paulo não comentou o assunto.

Ontem voltou a chover forte também na Zona Oeste. Angra dos Reis entrou em estágio de atenção.

Segundo moradores, na noite de Natal houve sinal de alerta, quando esgoto voltou às casas

Perdi tudo com a inundação. Ganhei móveis no final do ano passado. Agora acontece isso e destrói tudo de novo

SILVANA FRANCISCA DE OLIVEIRA, moradora

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SEVERINO SILVA
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FOTOS SEVERINO SILVA Condomínio Azul, na cidade da Baixada Fluminense, virou um ‘lago’ de água suja
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Homem na ‘piscina’ de água suja em que se transformo­u seu quintal
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Silvana Francisca de Oliveira dentro de sua casa alagada: ‘água podre’
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Chuva na noite de ontem agravou o problema em Coelho da Rocha

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