Luta por igualdade
Sabrina Petraglia conta que descobriu não ser tão feminista quanto imaginava e revela que vai se casar em cerimônia celebrada pela sogra
Oamor está em alta para Sabrina Petraglia. Na vida e na arte. De um lado, em ‘Tempo de Amar’, a atriz vive como a corajosa Olímpia o impasse de se render ao desejo do amado Edgar (Marcello Melo Jr) e se casar ou dedicarse integralmente às lutas femininas e sociais.
Na vida, Sabrina está decidida e feliz com sua união de quase seis anos com o engenheiro Ramón Velázquez. Tanto que o casamento acontecerá logo após o término do folhetim, em março. “Caso dia 30 de abril. Não vai ser uma grande festa, vai ser íntimo, para a família e amigos”, detalha. “Uma comemoração com cerimônia que eu mesma estou escrevendo e minha sogra vai celebrar. Nada melhor que casar com a benção da própria sogra, que é ótima, bem diferente da Olímpia, que teve problemas com a dela”, diverte-se.
Na trama, o final feliz, pelo menos no campo afetivo, ainda é incerto. Edgar acaba de pedir a amada em casamento, mas Olímpia desconversou, dizendo que o momento é de atribulações nos movimentos do Grêmio e nas lutas que está envolvida.
“Em 1929, os maridos mandavam nas mulheres. A Olímpia não entende porque uma relação de amor precisa ser oficializada pelo Estado. Fica com um pouco de medo. Não quer ninguém mandando nela”, pondera. “Ela ama o Edgar, mas nas discussões do Grêmio, ele se mostra um pouco machista. Para a personagem, o caráter social é importante. Espero que ela brilhe falando destas questões”, torce.
No entanto, ela esclarece que Olímpia não é contra o casamento. “Ela apoia o irmão, Vicente (Bruno Ferrari), que vai casar com Maria Vitória (Vitória Strada). Na verdade, ela respeita a vontade da mulher. Seja qual for”. E adianta, aos risos: “Olímpia e Edgar vão brigar feio. E não acho que ela seja mulher de vai e volta. Então, ele que se cuide. Ela está desabrochando e vai dar uma surra de pétalas nele”.
aTRaVÉS do TEMPo
A personagem da paulista defende ideias feministas - e reivindica, por exemplo, o direito ao voto, não garantido ainda na época. Sabrina encara como um privilégio dar voz às lutas femininas por igualdade.
“No começo da novela, eu me considerava feminista. Mas no decorrer do trabalho, vi que não era tanto. Nos deta-
lhes, vi que não tinha atitud des machistas, mas fui educada dentro desta sociedade e muitas vezes reproduzimos um sistecadeza ma. Então, com muita delicomido go, consciência, vou revendO atitudes. E levanto, sim, uma bandeira de orgulho de ser mulher e das mulheres que defen, dem o que acreditam”, diz,concluindo: “Falta muito chão para as lutas feminiaís nas ainda. O Brasil é um pais machista, preconceituoso, homofóbico. Temos que nos reeducar”.
EMPodERada
Com os cabelos curtíssimos por Olímresultado pia, ela conta que adorou o resultado do corte ‘La Garçonne’ (O garoto), um clás sico da época, símbolo da independência feminina.
“Fiquei com medo do reesultado, mas acho que ficou tão bem. O curto me emo poderou muito. Amei. Nãvou manter porque é um cabelo bem marcante, mas acho que vou manter a fraanjinha”, diz. “Vou assumir o curto para casar. Não gosto de cabelo artificial”, afirma, refengamento rindo-se a um possível alon gamento dos fios.
atriz revela ainda que os cabelos cor
tados A foram devidamente doados para oIn stituto do Câncer, queconfecciona perucas para as pacientes. “Fiz questão ded oar. Tem muita gente que precisa. Minha mãe passou por uma quimiote
rapia ano passado e per due o cabelo. É importante para a autoestima das mulheres que desejam usar”.
dESaFioS
Sabrina iden tifica o momento fértil, 2018 já coanos. meça com planos “Tenho que dar um ganho na minha
Nocomeçodanovela, eu me considerava feminista. No decorrer do trabalho, vi que não era tanto.Percebique não tinha atitudes machistas, mas fui educada dentro desta sociedade”
profissão, que tomou um fôlego bacana. Vou tocar projetos de teatro depois da novela”, divulga. “Farei ‘A Serpente’, de Nelson Rodrigues, e chamei o Leopoldo Pacheco para dirigir. E também produziremos ‘A Louca Debaixo do Branco’, baseado no livro da Fernanda Young. A peça levanta a questão: por que casar? Tudo a ver com o que estou vivendo. Tomara que a gente consiga, produzir no Brasil é muito difícil”.
A atriz sonha com personagens cada vez mais desafiadores. “Queria fazer uma louca, uma ‘Bonitinha, mas Ordinária’, um ‘Anjo Mau’. Personagens que despertassem um lado sensual e um lado mau”, entrega, adjetivando papéis, em referências a títulos de tramas de Nelson Rodrigues e Cassiano Gabus Mendes.
E ela ainda comenta: “Tenho ascendente em gêmeos, mudo muito rápido. Cuido do meu humor, disciplino minha loucura através do meu trabalho. Gostaria de colocar isso numa personagem. Fazer uma vilã dissimulada. Tenho olho de boazinha, mas tenho um lado que não consegui mostrar ainda”. Mas Sabrina não descarta outras mocinhas na trajetória. “Adoro fazer mocinhas, estou aberta. Inclusive, é muito mais difícil fazer a mocinha”.
DESEJOS
Superfeliz. É assim que a morena se define, e ela não pede muito do ano que começa. “Espero em 2018 melhorar o que já tenho. Curtir meu casamento. Tenho um parceiro, de outra área, que me apoia e admira. É um ano muito importante para nós”, celebra. “Quero trabalhar, fazer teatro, que é onde ganho repertório. E cada vez mais TV. Só peço saúde para conquistar tudo que quero”.
Nada melhor que casar com a benção da própria sogra, que é ótima, bem diferente da Olímpia, que teve problemas com a dela” SABRINA PETRAGLIA, Atriz