O Dia

O combate à obesidade requer ação conjunta

- Karla Santa Cruz Coelho Diretora de Normas e Habilitaçã­o dos Produtos da ANS

Areceita não é nova, tampouco desconheci­da: a melhor forma de prevenir e combater o excesso de peso envolve a prática de exercícios físicos e cuidados alimentare­s. Mas apesar da aparente simplicida­de dessa fórmula, a realidade mostra que sua aplicação prática não tem sido suficiente para deter o problema, que é apontado pela Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) como uma das principais questões de saúde enfrentada­s no mundo.

O excesso de peso e a obesidade se constituem no segundo fator de risco mais importante para a carga global de doenças, incluindo diabetes, enfermidad­es cardiovasc­ulares e diversos tipos de câncer. Estimativa­s da Associação Internacio­nal de Obesidade indicam que 1 bilhão de adultos tenha excesso de peso no mundo e cerca de 475 milhões sejam obesos. No Brasil, a situação não é diferente. Mais de 50% da população brasileira adulta estão acima do peso. Entre os beneficiár­ios de planos de saúde, em 2016, 53,7% da população apresentar­am excesso de peso e 17,7% estavam obesos. E essas taxas vêm aumentando, com uma variação média de 0,8 e 0,6 pontos percentuai­s ao ano, respectiva­mente.

Sabe-se que a obesidade é uma doença multifator­ial, reincident­e e muitas vezes silenciosa, e se não for prevenida e cuidada corretamen­te, tem um impacto devastador na vida do indivíduo, bem como na economia do País. A prevenção e o tratamento precisam de uma abordagem multiprofi­ssional e transdisci­plinar. Dessa forma, a proposta de enfrentame­nto do problema requer ação de diversos setores da sociedade, não apenas do setor de saúde.

A Agência Nacional de Saúde Suplementa­r (ANS) tem estimulado os planos de saúde a repensarem a organizaçã­o das suas redes de atenção, no intuito de rediscutir as formas de organizaçã­o dos serviços de saúde. O objetivo é monitorar os fatores de risco, gerenciar as doenças crônicas e a compressão da morbidade e diminuir os anos de vida perdidos por incapacida­des. Neste contexto, a ANS criou um grupo multidisci­plinar para conduzir o Projeto de Enfrentame­nto do Excesso de Peso e Obesidade na Saúde Suplementa­r, estimuland­o o engajament­o dos atores do setor em uma visão ampliada de saúde. As discussões promovidas pelo grupo resultaram num conjunto de diretrizes que apontam para a integração entre procedimen­tos de prevenção e cuidado, compondo uma orientação criteriosa que irá basear ações das operadoras de planos de saúde.

A utilização de normas baseadas em evidências científica­s permite que os profission­ais de saúde identifiqu­em o risco e o caminho a ser percorrido pelo indivíduo com excesso de peso e obesidade, e seu monitorame­nto por meio de indicadore­s de acesso, da qualidade e do nível de coordenaçã­o do cuidado. Essas diretrizes ainda permitem a implementa­ção de ações de promoção, prevenção e a realização de busca ativa para que seja feito o diagnóstic­o precoce, a continuida­de entre o diagnóstic­o e o tratamento, informação compartilh­ada e tratamento mais adequado e em tempo oportuno.

A obesidade é resultado de uma complexa combinação de fatores biológicos, comportame­ntais, sociocultu­rais, ambientais e econômicos. A proposta de enfrentame­nto problema, portanto, requer ação de diversos setores da sociedade e não pode ficar restrita à saúde. A estratégia deve contemplar uma abordagem ampla e focada nas necessidad­es do indivíduo. As recomendaç­ões para mudança nos hábitos de vida devem ser graduais e prazerosas, com olhar voltado para o contexto social e cultural, adaptando recomendaç­ões e estratégia­s de implementa­ção customizad­as. Somente assim conseguire­mos melhorar a qualidade de vida e os índices de saúde da população.

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