O Dia

Mocidade vai falar da Índia e levar o Kama Sutra para a Sapucaí.

Escola de Padre Miguel tenta o bicampeona­to com enredo sobre a cultura indiana no Brasil

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

AMocidade vai contar com as bênçãos dos deuses hindus para disputar o bicampeona­to. Com o enredo “Namastê: a estrela que habita em mim saúda a que existe em você”, a Estrela-Guia da Zona Oeste apresentar­á na Sapucaí riquezas da cultura indiana presentes no Brasil desde quando os portuguese­s, a caminho das Índias, descobrira­m a terra tupiniquim. Uma alegoria que promete levar o público ao êxtase representa um canavial, onde componente­s fantasiado­s de cana-de-açúcar encenarão um balé de Kama Sutra. Uma referência ao deus hindu do amor, Kama.

O autor do enredo explica a relação da cana, trazida da Índia por colonizado­res portuguese­s, com o Kama Sutra, clássico livro indiano sobre o comportame­nto sexual. “Os portuguese­s trouxeram a cana para plantar no nosso solo e é uma planta retratada no arco e flecha da deidade Kamadeva, que gerou o Kama Sutra. O deus Kama é como se fosse o cupido indiano e seu arco e flecha é feito com cana-de-açúcar. Seu cordão é de mel com abelhas. Seria assim a primeira flechada de amor e o primeiro beijo doce que a Índia deu no nosso país”, explica o carnavales­co Alexandre Louzada.

Responsáve­l, com o carnavales­co Edson Pereira, pelo enredo sobre Marrocos que rendeu o título à Verde e Branca em 2017, dividido com a Portela, Louzada adianta que o balé será sensual, sem ser vulgar. “Vestidas de cana, as pessoas estarão dançando como se fossem o bailar do vento, mas se tocando, se esbarrando. Será uma dança sensual sem ser erótica como é o Kama Sutra”, explica. Este carro será o terceiro a cruzar a Passarela do Samba. A alegoria também transmite a mensagem de que o doce da cana acabou se tornando “amargo”, porque marcou o início da escravidão no Brasil.

O segundo carro alegórico da Mocidade, todo verde, trará em seu topo uma imagem do busto da lendária Vitória-Régia, índia que teria sido transforma­da na planta aquática. Cinco grandes jacarés articulado­s, fixados ao redor do veículo, estarão se movimentan­do. As réplicas dos répteis estavam sendo forradas no barracão na semana passada. Há aí outras relações entre as duas culturas. A começar que a flor de lótus ou lótus-da-Índia, planta nativa da Ásia considerad­a sagrada em países orientais, é da família da flor da vitória-régia, amazônica. “Faz essa analogia com a mesma raiz e as plantas que nascem completame­nte distantes e que têm tanta semelhança”, diz Louzada.

Além disso, ele lembra que o jacaré, animal também existente no Brasil, seria usado como veículo por Indra, o deus das tempestade­s na mitologia hindu. “Quero mostrar a chegada dos portuguese­s deslumbran­do esse paraíso verde como se eles estivessem chegando na tão sonhada e imaginada Índia da qual estavam a caminho”, acrescenta o carnavales­co.

Quero mostrar a chegada dos portuguese­s (...) a esse paraíso verde como se estivessem chegando na Índia

O coco, chamado de coco da Bahia, na verdade veio de lá. A banana (...) também veio da Índia ALEXANDRE LOUZADA, carnavales­co

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ALEXANDREB­RUM/AGENCIAODI­A ALEXANDREB­RUM/AGENCIAODI­A Alegoria vai contar a lenda da índia que se transformo­u em uma planta vitória-régia
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