Sem Sambódromo, escolas reforçam ensaios nas ruas
Beija-Flor e São Clemente pretendem ‘treinar’ na Atlântica e no Aterro. Salgueiro quer Conde de Bonfim
Abram alas e rufem os tambores que a preparação das escolas de samba para o Carnaval já está esquentando as ruas em diversos cantos do Rio. Sem os ensaios técnicos na Sapucaí este ano (apenas as campeãs Portela e Mocidade terão direito), muitas agremiações intensificaram os treinos de comunidade. Algumas até planejam expandir suas áreas de atuação e levar os segmentos em peso para importantes vias da cidade ainda em janeiro. É o caso da Beija-Flor, da São Clemente e do Salgueiro, que pretendem treinar na orla de Copacabana, no Aterro do Flamengo e na Rua Conde de Bonfim, na Tijuca. É chance também para os torcedores sentirem o clima da sua escola do coração de graça.
A Beija-Flor nunca treina na rua, mas adiantou que fará um grande ensaio técnico na Avenida Atlântica, em Copacabana, no dia 28 de janeiro, último domingo do mês. O objetivo é suprir a falta do aquecimento no sambódromo, suspenso pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) devido à redução de verba pela Prefeitura do Rio. A concentração será no Posto 6. O horário e o itinerário ainda não foram informados. Ao som da bateria e da voz de Neguinho da Beija-Flor, 3.400 componentes devem desfilar na orla. Muitos ônibus sairão de Nilópolis, município da Azul e Branca, com destino à Zona Sul.
A São Clemente, que também não tem tradição de ensaiar fora da quadra, anunciou que, excepcionalmente, fará um treino a céu aberto no próximo domingo, no Aterro do Flamengo, a partir das 17h. Todos os componentes da Preta e Amarela da Zona Sul são esperados, incluindo ritmistas da bateria, baianas, mestre-sala e porta-bandeira e comissão de frente. O ponto de encontro não foi definido.
Mesmo com três ensaios de rua agendados até fevereiro, o Salgueiro intensificou sua programação. No dia 7, voltou a ensaiar na Rua Conde de Bonfim, na Tijuca, depois de quatro anos. A chuva não conseguiu espantar nem a velhaguarda. A escola está solicitando à prefeitura para utilizar a Conde de Bonfim novamente no dia 28. A Mangueira foi outra que dobrou a carga horária e está ensaiando duas vezes por semana na Rua Nova, próximo à estação do Maracanã. No ano passado, ensaiava só uma vez por semana.
Para diretor do Salgueiro, ensaio de rua se tornou a única forma de trabalhar a evolução da escola
“Os ensaios de rua se tornam ainda mais importantes. São a única forma de trabalhar a evolução da escola, porque na quadra só se trabalha o canto. A Conde de Bonfim não tem a mesma largura do sambódromo, mas é maior que as vias habituais. A maioria das escolas vai procurar espaço para fazer isso este ano. Mas nada se compara ao ensaio na Sapucaí, que é onde a gente corrige os últimos erros”, disse o diretor geral de Harmonia do Salgueiro, Siro do Salgueiro.
“É óbvio que o ensaio na Sapucaí faz falta, porque lá podemos observar coisas que não conseguimos na rua. Estamos tentando reproduzir ao máximo as condições da Sapucaí e do desfile”, contou Márcio Araújo, vice-presidente Social do Império Serrano, que ensaia toda quinta e domingo na Estrada do Portela.