O Dia

“A vilã me dá mais possibilid­ades”

Bia Seidl está se sentindo desafiada com a rancorosa e manipulado­ra Débora de ‘Apocalipse’, trama da Record

- RiCaRdo SCHoTT ricardo.schott@odia.com.br

Ela é tudo de ruim: rancorosa, manipulado­ra, vingativa. E ainda por cima é a mãe do anticristo. A Débora Koheg de ‘Apocalipse’, novela da Record, tem sido um grande desafio para Bia Seidl. Até pela complexida­de da história da personagem, expulsa de casa pela família, traída pelo marido Adriano (Eduardo Lago) e mãe extremada de Ricardo (Sérgio Marone).

“Ela tem um passado muito difícil, de muita frustração, decepção. Mas tem um amor intenso pelo filho. É uma relação quase edipiana, com certeza”, conta Bia, cuja personagem na primeira fase foi interpreta­da por Manuela do Monte. “A Débora tem um comportame­nto difícil, duvidoso, controvers­o. Embora em alguns momentos tudo se justifique, é impensável o que ela vai fazer na história”.

UM ViLÃo PoR PERTo

Bia tem no currículo tanto mocinhas quanto falsianes legítimas - uma das mais populares foi a Gláucia de ‘A Gata Comeu’, produção da Globo de 1985 que o Canal Viva reprisou há pouco. Para ela, o vilão exige mais.

“Uma vilã te dá mais possibilid­ades. É um personagem mais ambíguo. E a gente vai sempre preferir o personagem mais contraditó­rio, que vai dar mais possibilid­ade de atuação do que o que está na zona de conforto da bondade”, relata. “Fazendo um vilão, você tem que pensar em tudo o que você não quer ser. Ou que não quer ter por perto. Pensamos no quanto estamos nos desenvolve­ndo para não nos tornarmos uma pessoa como essa”.

aSSoaLHo

Da primeira para a segunda fase - atualmente, ‘Apocalipse’ está na terceira - Débora foi passada por Manuela do Monte para Bia Seidl. Como foi essa transição?

“Fizemos muitos workshops juntos e combinamos algumas coisas. Cada um tem seu jeito de falar, de andar. Teve todo um trabalho de observação. Vi que Manuela ia me entregar um assoalho para que eu entrasse justamente no que ela colocou no trabalho dela”, relata Bia.

No texto, Débora é uma menina criada na comunidade judaica. Mas sempre foi pouco interessad­a no universo religioso. Bia pôde aprender um pouco sobre o universo dos judeus. “Até me identifiqu­ei com algumas coisas. Eles não comem carne de porco. Eu também não. Aliás não como carne vermelha e estou querendo parar de comer bichinhos”, brinca. “E eles questionam Deus, discutem com Deus, o que em outras religiões é impensável. Aprendi com isso”.

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MUNIR CHATACK/RECORD Bia Seidl: “Fazendo um vilão, você tem que pensar no que não quer ser”

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