O Dia

NATUREZA HUMANA

- GaBRiEL SoBREiRa gabriel.sobreira@odia.com.br

“Conversei com mulheres que se prostituír­am por R$ 20 para comprar crack”, lembra Mayana Neiva, sobre a preparação para viver a exuberante Leandra, garota de programa e dona de um bordel em ‘O Outro Lado do Paraíso’, da Globo. Viver uma personagem de uma realidade tão diferente da atriz, fez com que ela mudasse seu olhar sobre a questão da prostituiç­ão no Brasil. “O lance é que depois disso, você aprende a não julgar as pessoas. Fica mais aberta, mais amorosa, entende mais as diferenças”, diz.

LEGaLiZaR?

Quando o assunto é a legalizaçã­o da prostituiç­ão, Mayana expõe os dois lados da questão. “A própria violência contra as garotas de programas é uma violência clandestin­a. Elas não podem ser amparadas pela lei, uma vez que o que elas fazem já é ilegal. Mas ao mesmo tempo, legalizar traz uma outra questão que é uma indústria por trás da prostituiç­ão. E algo cheio de complicaçõ­es, não me sinto preparada para responder ‘sim’ ou ‘não’. Sei que isso me movimentou internamen­te e bastante”, afirma.

TRaMa

Na história de Walcyr Carrasco, Leandra comanda o bordel Love Chic. A morena divide a sociedade do estabeleci­mento com um misterioso parceiro de negócios, que nunca mostra o rosto, mas sempre se deita com a moça. “Essa identidade está disputada. Todo mundo me pergunta na rua quem é e eu fico morrendo de rir porque é um segredo, mesmo”, diverte-se.

FiGURiNo

Para a trama, Mayana tem usado e abusado de roupas sensuais e cenas de lingerie para mostrar toda a força de sua personagem. Ao ser perguntada se aproveitar­ia alguma peça de Leandra para o seu armário, a atriz é bem sincera. “O figurino foi bem cuidado e pensado para ser uma mulher do Jalapão, no Tocantins. Umas coisas eu usaria, outras não (risos). Acho alguns brincos legais. Umas calças talvez. Uns vestidos pretos, sim. Outros, não”, confidenci­a, entre risos.

RoMÂNTiCa

Romântica até não poder mais, Leandra sonha em sair da “vida (nada) fácil”. Nos próximos capítulos entra em cena Norival (Juan Alba), um fazendeiro e noivo da moça. “Ele representa o grande sonho da saída dela dessa vida. Ela tem um sonho de ser feliz de outra maneira. Apesar dela ter esse jeito prático e desenrolad­o, ela sonha em ser uma dama. Ele representa essa nova vida dela como mulher, terão sequencias bem legais vindo aí”, promete.

Questionad­a se também é romântica, como sua personagem, Mayana diz que sim, mas com uma importante ressalva. “Acredito no amor, gosto de compartilh­ar coisas boas, mas a gente vive uma época bonita em que as mulheres podem ser quem elas são e ao mesmo tempo amar. Acho que é uma luta do

Mayana Neiva jura não saber quem é o sócio misterioso, diz que usaria parte do figurino de sua personagem, que foi divertido ser miss e que é romântica. “Acredito no amor”, frisa

nosso tempo, a importânci­a desse amor que cabe dentro de quem a gente é. Não aquele amor romântico idealizado”, frisa a atriz.

FERaS

Mayana está no núcleo formado por Laura Cardoso, Fernanda Montenegro, Lima Duarte e Gloria Pires. “Contracena­r com eles é uma faculdade para mim”, derretese. “A Laura é uma dama, com capacidade de brincar e não ter medo. Ela é muito valente, criativa, aproveita cada palavra. A Fernanda tem aquela magia, aquela dignidade de trazer muita dignidade para cada cena. A Gloria é uma nuvem, um ser lindo, que contracena generosame­nte, abertament­e. Virou uma amiga para minha vida, quero levar ela para sempre”, completa com orgulho a paraibana.

EX-MiSS

Ex-miss Campina Grande e Paraíba (ambos em 2013), Mayana lembra que a experiênci­a de ser Miss foi uma passagem divertida. “Foi gostoso, brinquei, represente­i meu Estado do qual tenho muito orgulho. Mas nunca quis ser miss, nunca me vi como miss. Sempre quis ser atriz ou astronauta”, entrega, aos risos.

SÉRiE

Se na Globo, ela vive uma prostituta, no canal Universal, em março, ela estreia como uma delegada em um projeto já gravado. “’Rotas do Ódio’ foi um dos projetos mais incríveis que já fiz da minha vida, tenho muito orgulho dele. Faço a Carolina Ramalho, uma delegada que combate os crimes de ódio. Ela luta pela justiça, bem altruísta, não mede esforços para chegar onde quer, mulher fascinante e incrível, inspirada em várias delegadas legais. E estamos caminhando para uma segunda temporada dela”, comemora. “O grande prazer do ator é se transforma­r nas histórias que quer contar e encontrar essa dignidade do personagem”, acrescenta.

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil