O Dia

Fraude com vale-refeição rendia milhões a quadrilha

Operação Fantoche revela esquema milionário de negociação de benefícios de trabalhado­res. Polícia estima que grupo movimentav­a R$ 10 milhões por mês

- WILSON AQUINO wilson.aquino@odia.com.br

Polícia descobriu esquema que rendia R$ 10 milhões por mês ao grupo, com esquema criminoso de compra e venda de benefícios.

Benefícios trabalhist­as, como vale-refeição e vale-transporte, abasteciam um esquema criminoso de compra e venda. Uma igreja e duas empresas de ônibus participav­am do negócio ilegal. A polícia, que ontem cumpriu nove mandados de busca e apreensão, estima que a quadrilha movimentav­a cerca de R$ 10 milhões por mês.

Os criminosos compravam de trabalhado­res ‘apertados’ os benefícios, aplicando um deságio elevado - 18% para vales-refeição e alimentaçã­o e 50% para vales-transporte. Tudo pago à vista. “No caso do vale-alimentaçã­o, o trabalhado­r que optasse por receber em depósito bancário, o desconto era de 14%”, explicou a delegada Patrícia Aguiar, chefe da Delegacia de Defraudaçõ­es.

Um dos alvos dos mandados foi um escritório que ocupava dois andares de um prédio na Rua da Quitanda, no Centro financeiro do Rio. No endereço que, segundo a delegada, mais parecia uma agência bancária, havia dezenas de funcionári­os uniformiza­dos, sete caixas para atendiment­o, organi- zação eletrônica da fila, diversos computador­es e aparelhos de ar-condiciona­do, câmeras de monitorame­nto, acesso dos funcionári­os por senha eletrônica e segurança privada. No local, a polícia apreendeu cerca de R$ 400 mil, 133 máquinas de cartão, mais de 5 mil cartões refeição e alimentaçã­o, 28 validadore­s de vale transporte, computador­es, documentos diversos, comprovant­es de pagamento e de transferên­cia bancária, cheques, joias e relógios.

Cinco pessoas foram conduzidas coercitiva­mente à delegacia. A ação de ontem é desdobrame­nto da Operação Fantoche, deflagrada em outubro. Nas investigaç­ões, os policiais identifica­ram cerca de 130 empresas “fantasmas” do ramo alimentíci­o, em nome de 47 “laranjas”, criadas exclusivam­ente para obter o credenciam­ento de máquinas de cartões e abrir contas bancárias. As firmas têm os mesmos sócios e endereços, embora nenhuma exista fisicament­e e nem possua sequer um funcionári­o. De acordo com a delegada, a quadrilha é chefiada por Nivaldo Gomes Pereira, que não foi localizado.

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ESTEFAN RADOVICZ
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ESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA Dinheiro vivo apreendido na ‘agência’ montada pela quadrilha

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