O Dia

Cheque especial terá novas regras para facilitar que cliente possa pagar

Objetivos são evitar uso prolongado do limite por clientes e dar opção de pagamento com juros menores

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Ouso do cheque especial terá novas regras ainda este ano. O objetivo é limitar o tempo que clientes bancários fiquem pagando altos juros e, assim, evitar que a dívida vire uma bola de neve. Para que isso seja viabilizad­o, o governo vai propor uma autorregul­ação que ofereça “porta de saída” para quem recorreu ao limite, com alongament­o de prazos e taxas menores em uma nova modalidade, como o parcelamen­to no cartão ou no crédito pessoal.

O compromiss­o de alterar as regras foi assumido com o governo, segundo a Agência Estadão Conteúdo, pelos bancos para que o acordo resulte em redução das taxas de juros para os clientes. A iniciativa foi revelada pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

“O cheque especial é instrument­o que tem de ser estudado e a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) está avaliando mudanças”, disse Ilan. “A gente está de olho e, às vezes, é bom que o BC não precise editar norma nenhuma e deixe o sistema fazer”, disse. No entanto, segundo ele, se a iniciativa não avançar, o BC adotará medidas para reduzir os juros.

Em nota, a federação dos bancos confirmou a iniciativa de autorregul­ação do cheque especial para reduzir o custo da linha de crédito aos clientes. Segundo a entidade que representa as instituiçõ­es financeira­s no país, a intenção é divulgar as propostas ainda este ano.

Em nota, a federação diz que o cheque especial faz parte de um conjunto de ações estudadas pelo setor para “melhorar o ambiente de crédito no país”. “A Febraban elabora propostas para melhorar o instrument­o e as anunciará, neste ano, quando forem concluídas”, cita a entidade.

ROTATIVO DO CARTÃO

A modificaçã­o das regras do cheque especial terá como base o que foi feito, no ano passado, com o rotativo do cartão de crédito. O consumidor passou a só poder pagar o mínimo de 15% do cartão por um mês. Na fatura seguinte, o banco ficou impedido de rodar o débito.

Ou o cliente quita o valor total ou precisa parcelar a dívida em outra linha de crédito. A restrição foi criada para coibir o uso do rotativo e obrigar os bancos a oferecerem uma solução de parcelamen­to para o cartão com juros mais baixos.

“Não é recomendáv­el para ninguém ficar no rotativo mais de um mês, porque você não consegue pagar depois de um tempo. Não é bom para a instituiçã­o financeira, nem para o cliente”, diz Ilan Goldfajn.

Atualmente, o cheque especial tem a segunda maior taxa de juros entre as operações para pessoas físicas. Em novembro, os bancos cobraram média de 323,7% ao ano. Isso faz com que o uso de R$ 1 mil do limite da conta se transforme em R$4.237 após um ano.

A operação mais cara do sistema financeiro é o crédito rotativo pago em atraso, o chamado “não regular”, cujo juro ficou em 410,4% ao ano em novembro. Essa transação não foi afetada pelas novas regras do cartão de crédito.

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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL Ilan Goldfajn, presidente do BC, informou que os bancos assumiram compromiss­o de alterar as regras

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