O Dia

O que fica dos políticos

- Aristótele­s Drummond Jornalista

Infelizmen­te, a busca desesperad­a pelo poder, usando do palavreado fácil, promessas e medidas de alcance imediato, tem apequenado as democracia­s pelo mundo. E aqui não tem sido diferente. No lugar de um projeto amplo de água e esgoto, preferem uma ligação precária para garantir os votos na próxima eleição.

Esqueceram que, na memória popular, e na história, como exemplos ficam os empreended­ores. No Rio, Lacerda e Negrão eram adversário­s, mas a história os uniu como dois grandes realizador­es. As novas gerações precisam saber que o Rio, como capital do Brasil, sofria de graves problemas até meados do século passado. Tinha até música de Carnaval com letra que dizia que, na cidade, “de dia falta água, de noite falta luz”. Lacerda criou a primeira etapa do Guandu, com Veiga Brito, que veio a ser presidente do Flamengo e deputado federal, e criou escolas suficiente­s para atender a população suburbana.

Já Negrão de Lima, no seu discreto estilo mineiro, foi mais longe. Alargou, mais do que duplicando, as pistas e a faixa de areia de Copacabana, sem o que toda a orla da Zona Sul teria ficado inviável. E mais: teve a coragem de, com apoio dos presidente­s Costa e Silva e Médici, construir habitações populares para remover mais de dez mil barracos de favelas no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, como Catacumba, Piraquê, Pedra do Baiano, Macedo Sobrinho e Ilha das Dragas. Assim, ampliou o trabalho iniciado por Lacerda na Praia do Pinto. Negrão abriu ainda os acessos à Barra da Tijuca, até então restritos à Niemeyer e à Estrada do Joá. Fez os túneis e os elevados. Saiu com 86% de aprovação.

Leonel Brizola, como político, foi muito polêmico, mas legou ao Rio os emblemátic­os Sambódromo, Cieps e a primeira fase da Linha Vermelha. Cesar Maia deixou a Linha Amarela e muito do que foi feito na Barra. Depois, praticamen­te, nada aconteceu, até que a Copa de 14 e as Olimpíadas deixassem esta cidade renovada na mobilidade, na reurbaniza­ção da Zona Portuária, na privatizaç­ão do Aeroporto do Galeão, no VLT e na chegada do metrô à Barra.

JK entrou para a história de Minas e do Brasil com o Complexo da Pampulha, o Plano de Metas, a indústria automobilí­stica, a construção de Brasília e seus reflexos no centro-oeste e norte do Brasil.

Os militares, com Itaipu, Tucuruí, Projeto Carajás, planos habitacion­ais, grandes estradas e pontes, além da modernizaç­ão do sistema financeiro.

De lá para cá, apenas as obras a que Sarney deu continuida­de e, justiça seja feita, a abertura econômica de Collor e a Usina de Xingó. Mais nada. Portanto, está na hora de o Brasil enfrentar o abandono de sua infraestru­tura, que segura o potencial de cresciment­o, a começar pelo agronegóci­o. É isso que fica.

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