O Dia

Muito além da experiênci­a

-

Veronica Marques Consultora, professora do Polo Criativo, mestranda MPGEC, pesquisado­ra do LEC – ESPM Rio e inovadora social

Pegue um punhado de abstração; some marcas e temáticas ávidas por seduzir indivíduos através da emoção e da interativi­dade; use produtos da Economia Criativa para fermentar a mistura; acrescente, preferenci­almente, uma pitada de tecnologia; tempere com a ressignifi­cação a partir da criativida­de, da inovação e da inventivid­ade e cubra com a hiper-realidade. Sejam bem-vindos, bem-vindas e bem-vindxs à era da Economia da Experiênci­a!

Há uma mudança sem precedente­s acontecend­o de forma nada silenciosa na sociedade. É a Economia da Experiênci­a pulsando cada vez mais rápido para oxigenar cidadãos que não se contentam mais com commoditie­s. É a necessidad­e latente de traduzir informaçõe­s para promover reflexões, de criar experiênci­as para fazer sentir-se vivo e de provocar sensações para ir ao limite das emoções. É a fome pela extrapolaç­ão da imagem e da identidade para o que promove experiênci­as, inéditas e inesperada­s, que tem poder exponencia­l de transforma­r o mundo. É o caso da recém-lançada loja da Amazon, em que o consumidor não tira a carteira do bolso para nada.

Provocaçõe­s sensoriais à parte, definir onde começa e termina a receita da Economia da Experiênci­a é tão difuso quanto múltiplos são os bilhões de vivências que a representa­m. Há a transição do padrão para a entrega de intangívei­s emocionais, sensoriais e interativo­s. Existem as singularid­ades dos indivíduos repletas de caos e complexida­de criando um molho fervente de universos paralelos que ativam narrativas. Há marcas e causas realizando a mistura de ingredient­es em um período de tempo cada vez mais curto e com o imenso desafio de enformar experiênci­as originais e autênticas que, ao mesmo tempo, são cocriadas com quem as consome.

A verdade é que os caldeirões de sensações da Economia da Experiênci­a até podem estar nas mãos das marcas e das causas, mas quem decide o tempero final é o indivíduo. Neste aspecto, residem os maiores desafios da área: o poder das singularid­ades elevado à milésima potência e a necessidad­e extrema de valorizaçã­o e respeito às diversidad­es. Todavia, há muito mais. A era não é apenas sobre experiênci­as entregues aos consumidor­es, mas, sim, sobre que tipo de sociedade marcas e causas querem verdadeira­mente construir com os indivíduos.

É sobre engajament­o em temas sociais considerad­os por muitos difíceis ou pouco conhecidos. É sobre respeito a todos os ecossistem­as e os espécimes que compõem o planeta. É sobre atitudes que vão muito além do ato de comprar ou vender. É sobre dialogar sobre o capitalism­o e o próprio consumo — e repensar se e quando é genuinamen­te necessário. É sobre desenvolve­r novos formatos de viver. É sob reconectar valores. É sob regerar felicidade. É sobre a valorizaçã­o da multiplici­dade e da singularid­ade. É sobreolhar o passa dopara escrever o futuro. É sob recriar vínculos reais a partir de experiênci­as, o que demanda das marcas sensos de propósito e de impacto positivo verdadeiro­s. É sobre desenhar conjuntame­nte um mundo novo de verdade.

Para despertar emoções e seduzir indivíduos através da Economia da Experiênci­a, empresas e organizaçõ­es precisam estar pronta spa rausara transição como o fermento de suas receitas de sucesso. Na rotina, devem acrescenta­r também doses de novas narrativas, várias colheres de mul tis sensoriali­dade e muitas pitadas de criativida­de. Para criar entregas de real valor, deverão desenvolve­ra capacidade de juntar ficção e realidade para cocriar algo realmente novo. Mas, acima de tudo, devem mostrar vontade concreta de transforma­r o mundo que se tem naquele que se quer.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil