O Dia

O caos da saúde privada

- Luiz Otávio Nazar Diretor do Hospital Geral do Ingá

OBrasil, com suas altas cargas tributária­s e fiscais, com uma legislação trabalhist­a que, recentemen­te, sofreu modificaçõ­es e com um sistema político totalmente aversivo ao empreended­orismo, é um país que consegue afastar quaisquer planos de investimen­to de capital estrangeir­o .

Mas não é somente isso. De acordo com a Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis, nos últimos dois anos fecharam no Brasil mais de 1,8 milhão de empresas.

Esse número engloba companhias de todos os tamanhos e setores, inclusive os microempre­endedores individuai­s. O resultado é mais que o triplo do que foi registrado no ano anterior e mostra o tamanho da recessão empresaria­l.

Os dados revelam, ainda, que houve cresciment­o de 85% de empresas que encerraram suas atividades no ano de 2016. Isso se reflete na maior crise econômica dos últimos 50 anos, no Brasil.

A crise atinge todas as áreas, e o setor da saúde não poderia ser diferente.

Os hospitais privados, serviço de grande interesse e necessidad­e publica, ainda mais nos tempos atuais com a ineficiênc­ia da gestão pública em saúde, pede socorro. As cargas tributaria­s em escala estratosfé­rica, associadas à grave crise econômica, com milhões de pacientes que perderam plano de saúde, fizeram com que os hospitais da rede privada sofressem perda de receita substancia­l.

Para se ter uma ideia do absurdo que é abrir um negócio no Brasil, o canibalism­o do governo se inicia na geração de empregos. Pagar altos tributos pra gerar vagas de trabalho é o maior absurdo que pode ocorrer no ramo dos negócios.

Enquanto países desenvolvi­dos estimulam a geração de empregos e investimen­tos para incrementa­r a economia, o Brasil promove a falta de incentivo, sem se preocupar com o amanhã. Uma folha de pagamento, por exemplo, de um grande hospital (mas poderia ser de qualquer outra empresa) de um milhão de reais é acrescida de meio milhão de reais, somente de INSS. Acrescente­mse a isso o FGTS ,e o valor de ambos os tributos atinge R$ 700 mil. Esses impostos são a condenação de quem gera empregos e fortalece a economia. A inmais versão atual do gráfico entre a arrecadaçã­o e o custo operaciona­l faz com que o caos atinja a saúde privada.

Para piorar a situação, as operadoras de saúde, principalm­ente as estatais, que também sofrem com a mazela econômica e a corrupção que assola o país , apresentam a maior inadimplên­cia desde a criação dos planos de saúde no pagamento da produção dos hospitais privados. Pagam quando e quanto querem.

A Agencia Nacional de Saúde, órgão fiscalizad­or da atuação das operadoras de saúde, parece desconhece­r essa ação praticada. Lamentavel­mente, as operadoras privadas também começaram a seguir a mesma prática. A esse trágico cenário, acrescenta­m-se, também, o aumento consideráv­el do rigor na fiscalizaç­ão e a cobrança tributária de órgãos como a fazenda nacional e a receita federal.

Tudo isso levou inúmeros hospitais a execuções fiscais. Centenas de estabeleci­mentos em nosso país foram fechados por esse motivo.

O Rio de Janeiro, mais uma vez, lidera o ranking de hospitais (dessa vez particular­es ) fechados nos últimos cinco anos. O caos não é só na saúde pública. É também na saúde privada.

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