O Dia

O MENINO MÁGICO

- Fernando Mansur:

Você se lembra do livro ‘O menino do dedo verde’, de Maurice Druon? Uma obra-prima de ficção, transborda­nte de humor e poesia, no dizer de D. Marcos Barbosa, o tradutor. Após a tradução esse monge beneditino concluiu que certas obras não transcende­m apenas as fronteiras dos países, mas também as fronteiras das idades. Dirigidas aos adultos, não deixam de dar recado às crianças, inclusive à criança que sobrevive em nós. Ao me deparar com o nome de D. Marcos Barbosa na capa do ‘Menino do dedo verde’ meu pensamento voou feliz para o início da década de 1970, quando eu trabalhava na rádio Jornal do Brasil AM e tinha a oportunida­de de ver D. Marcos gravar seu programa matinal. Essa lembrança me acompanhou na leitura do livro, como se também fizesse parte dele. Aproveitan­do, vou citar agora um trecho que aparece logo no início da história, na página seis, que mostra como pensa o personagem principal, Tistu. “Se só viemos ao mundo para ser um dia gente grande, logo as ideias pré-fabricadas se alojam facilmente em nossa cabeça. Essas ideias, pré-fabricadas há muito tempo, estão nos livros. Se a gente se aplica à leitura ou escuta com atenção os que leram muito, consegue ser bem depressa pessoa importante, igual as outras. Mas quando a gente veio à Terra com determinad­a missão, as coisas já não são tão fáceis. As ideias pré-fabricadas, que os outros manejam tão bem, recusam-se a ficar em nossa cabeça. Causamos assim muitas surpresas. Primeiro, aos nossos pais. Depois, a todas as outras pessoas grandes, tão apegadas às suas ideias!”. Tistu nos convida a uma vida mágica, que D. Marcos tão bem traduziu! Vamos!

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