Carnaval e anarquia
OCarnaval é uma das mais tradicionais festividades do Brasil e em particular do Rio de Janeiro. Faz parte de nossa cultura (como um genuíno patrimônio) e nesse sentido não somente deve ser prestigiado como igualmente incentivado.
Todavia, nos últimos anos, esta esplêndida e maravilhosa festa, conhecida e reconhecida como uma brasilidade no mundo inteiro, tem se desvirtuado não somente de suas origens mas sobretudo de suas finalidades. E, pior, não tem sido pautada pelo respeito à igualdade de direitos que todos os cidadãos brasileiros possuem, inclusive de não querer participar da mesma, independentemente de seus motivos — sejam religiosos, sejam culturais ou seja porque sim- plesmente desgastam desta tradição.
Seu período comemorativo, cada vez mais estendido informalmente, começa a avançar perigosamente para uma absurda e despropositada emenda do Réveillon, no dia primeiro do ano, até meados do mês de março, fazendo com que a prática laboral comece com atraso de muitas vezes mais do que 90 dias, efetivo prejuízo econômico de toda a sociedade brasileira. Também cada vez mais o Carnaval se apresenta como uma festa distorcida de seus objetivos, obrigando já em meados do mês de janeiro a uma preparação sem precedentes: colocação de tapumes protetivos em vidros de shoppings, blindexes de banco e lojas comerciais e de cercas em jardins na orla das praias, evitando a constante repetição todos os anos de cenas de vandalismo e depredação.
Os turistas que acordam para prestigiar esta incrível festa cada vez mais têm uma visão distorcida, acreditando ser um momento singular em que absolutamente tudo é permitido em nome das comemorações.
É nossa obrigação (na qualidade de autoridade cidadãos, particularmente de foliões), portanto, evitar a todo custo que esta tradicional festa, tão representativa da alegria do povo brasileiro, e em especial dos cariocas, deixe de ostentar o natural e originário brilho.
Não vamos permitir em última análise que este patrimônio cultural brasileiro também se corrompa, perdendo seu significado e sua magistral beleza.
É nossa obrigação evitar a todo custo que esta tradicional festa deixe de ostentar o natural e originário brilho