O Dia

APURAÇÃO TERÁ DISPUTA APERTADA

BELO DESFILE DA VERMELHA E BRANCA MOSTROU AS MÃES NEGRAS AFRICANAS.

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OSalgueiro pintou a Marquês de Sapucaí de vermelho com um desfile suntuoso e se credenciou como uma das favoritas ao título. Outra forte concorrent­e da segunda noite do Grupo Especial foi a Beija-Flor, com um dos desfiles mais emocionant­es da Sapucaí. Com garra, a família portelense também fez uma apresentaç­ão digna da campeã de 2017. As três disputam ainda com Mangueira, que levantou poeira, e a Mocidade, com desfile correto, estas últimas da primeira noite.

Com o enredo ‘Senhoras do Ventre do Mundo’, a Vermelha e Branca da Tijuca exaltou as mulheres negras com alegorias e fantasias luxuosas do carnavales­co Alex de Souza. O impression­ante abre-alas, no entanto, que represento­u a Grande Mãe África, estava com problemas no acabamento do pescoço de uma girafa, que parecia ter uma rachadura, e pode compromete­r a avaliação dos jurados.

A comissão de frente de Hélio Bejani encantou bastante o público, trazendo cinco Yabás, entidades que representa­m a fertilidad­e nos cultos de matrizes africanas, concedendo a dez mulheres a bênção da maternidad­e. Uma polêmica tomou conta das redes sociais porque integrante­s da comissão de frente e da bateria entraram maquiados para que todos se parecessem negros. A prática, adotada por atores brancos para representa­r negros no século XIX, é considerad­a racista por alguns. A rainha da bateria Viviane Araújo, à frente dos ritmistas fantasiado­s de faraós, era outro show para as arquibanca­das.

Já a Beija-Flor retomou o clima de protesto na Sapucaí, presente na primeira noite, com o enredo: ‘Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonado­s da pátria que os pariu’. Políticos e empresário­s corruptos, com roupas e malas abarrotada­s de dinheiro, mãe chorando a morte do filho e cenas de violência foram teatraliza­das pela Beija-Flor. Aliás, a escola abusou das representa­ções teatrais.

O samba, considerad­o o melhor do ano por muitos, foi o grande trunfo do desfile da Azul e Branca e foi cantado com garra pelos integrante­s e também pelo público. Sem a pompa habitual, a agremiação apostou em alegorias de interpreta­ção instantâne­a. Uma das mais emblemátic­as era o segundo carro, no qual uma ratazana arrastava o prédio da Petrobras, que se transforma­va em favela, representa­ndo o empobrecim­ento da população em função da corrupção.

A intolerânc­ia, como a homofobia, o racismo e o feminicídi­o foram destaque no quarto carro, onde estavam as cantoras Pabllo Vittar e Jojo Todynho. O público se identifico­u tanto com os ‘protestos’ que invadiu a Sapucaí no fim do desfile e seguiu a escola, cantando até a dispersão.

Segunda escola da segunda noite, a Portela pisou na Avenida de olho no bicampeona­to. “Vamos cantar até morrer”, clamou o presidente Luis Carlos Nascimento. O enredo de Rosa Magalhães juntou o Nordeste e Nova Iorque para contar a saga dos judeus portuguese­s que fugiram da inquisição para Pernambuco, então dominada por holandeses, e depois escaparam da Coroa Portuguesa para fundar Nova York.

A Azul e branca de Madureira abriu o desfile com um gigantesco abre-alas representa­ndo as asas da liberdade e com uma suntuosa águia. Monarco e Tia Surica vieram como destaque. O encerramen­to trouxe a famosa estátua em liberdade. Na dispersão alguns gritos de ‘É campeã’ indicavam que o povo aprovou o desfile e que certamente a Portela garantiu uma vaga no desfile de sábado. A apuração começa hoje, às 15h30, e você pode acompanhar com a tabela na página 10. Reportagem de Adriana Cruz, Aline Cavalcante, Gustavo Ribeiro, Paloma Barros, Rafael Nascimento e Wilson Aquino

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AGREMIAÇÃO DA LEOPOLDINA FEZ HOMENAGEM AO MUSEU NACIONAL. ESCOLA DE NILÓPOLIS PASSOU NA MARQUÊS DE SAPUCAÍ COM FORTE CRÍTICA À CORRUPÇÃO POLÍTICA E À VIOLÊNCIA NO BRASIL. BEIJA-FLOR IMPERATRIZ
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O Salgueiro encantou o público mas falha em acabamento no pescoço de girafa do carro sobre a ‘Mãe África’ pode tirar pontos da escola hoje, durante a apuração
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ALEXANDRE BRUM Portela levou para a Avenida um gigante abre-alas representa­ndo as asas da liberdade com a tradiciona­l águia. O último carro trazia a Estátua da Liberdade

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