O Dia

As estrelas por trás do Carnaval

Artistas de vários segmentos trabalhara­m nos bastidores das agremiaçõe­s que brilharam na Sapucaí

- FRANCISCO EDSON ALVES falves@odia.com.br

Quando o espetáculo produzido pelas escolas de samba do Rio de Janeiro foi exaltado em mais de 100 países pela TV, no Carnaval, os corações de cerca de 4 mil pessoas bateram mais fortes. São artistas de diversos segmentos, que ajudaram, nos bastidores, os preparativ­os para que as 26 agremiaçõe­s - 13 do Grupo Especial e 13 da Série A - fizessem bonito na Marquês de Sapucaí. Em média, pelo menos 150 especialis­tas em diferentes ramos, trabalhara­m como contratado­s ou voluntário­s.

“Somos ilustres desconheci­dos do público, mas astros nos barracões. Amo fazer parte dessa engrenagem, mesmo longe dos holofotes”, afirmou Renato Rodrigues, de 36 anos, instrutor de adereços. Ele atua há 17 anos por trás dos panos, e criou o seu próprio ateliê, o Mania de Adereços, que atende várias escolas, como Portela, BeijaFlor e Viradouro. Cada pequena pedrinha brilhante de um vestido, é colocada minuciosam­ente por ele. “Tem que ter paciência”.

Murilo Moura, de 32 anos, designer de Carnaval, transita há mais de 15 anos por barracões de diversas escolas, como a São Clemente, e foi responsáve­l pela decoração do chapéu da atriz Leandra Leal, porta-estandarte do Bloco da Bola Preta.

“Todos estes anos estive também no Sambódromo, mas sempre correndo de um lado para o outro, fazendo ajustes de última hora. Meu sonho é um dia assistir aos desfiles de um camarote”, revelou Murilo, que, se for preciso, também exerce a nova função de ‘glitter designer’ (maquiagem express de purpurina). “Tem que ter dom”, gabou-se.

A artista plástica Juliana Pitta, 35, que, com mais 15 alunos e ex-alunos da Escola de Belas Artes da UFRJ, pintou o último carro da São Clemente, garante: não há rivalidade entre os artistas.

“Na concentraç­ão, quando vemos colegas de outras escolas passando por problemas, ficamos todos igualmente tristes. Ninguém torce contra. Todos procuram uma solução conjunta e imediata”, destacou.

Na apresentaç­ão de Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas, mestre-sala e porta-bandeira da Mocidade Independen­te de Padre Miguel, a pintura em henna de uma pena de pavão com um olho nas mãos do casal chamou a atenção.

“Fui eu que fiz”, contou, orgulhosa, Rosana Araújo, designer especializ­ada em Mehandi (arte indiana de decoração corporal com henna). Ela diz que gastou duas horas para executar os desenhos. “Deram maior visibilida­de a essa arte milenar, que simboliza a onisciênci­a divina. O pavão no mehandi representa o afastament­o do mau olhado”, comentou. Renato Rodrigues: famoso nos barracões, mas longe dos holofotes

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FOTOS DIVULGAÇÃO Rosana Araújo, designer especialis­ta em Mehandi (arte indiana), foi destaque nos bastidores da Mocidade
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