O Dia

Verdades sob as Máscaras do Carnaval

- Paulo Messina Matemático, professor, vereador licenciado e secretário-chefe da Casa Civil

Odesfile das escolas campeãs, esta madrugada, marcou o fim do Carnaval carioca. Neste momento de guardar as fantasias e voltar à vida normal, deixo aqui minha singela contribuiç­ão para a retirada de algumas máscaras que resistem sobre fatos tão importante­s.

Enquanto alguns blocos criticavam o prefeito, sugerindo que ‘melava’ o Carnaval em nome da sua religião, quem olhava em volta podia ver mais de 10 mil guardas municipais, agentes da CET-Rio, garis e médicos da prefeitura dando apoio a esses mesmos eventos. Isso sem contar que, mesmo no auge da crise, o Rio aportou recursos no Carnaval sempre família da Intendente Magalhães, R$ 19,5 milhões às escolas de samba do grupo especial, e mais R$ 10,5 milhões para todas as demais de outros grupos. Foi do prefeito também a decisão de leiloar seu camarote e doar integralme­nte os R$ 300 mil arrecadado­s para as escolas mirins. O total investido pela prefeitura, contando infraestru­tura e pessoal, ultrapasso­u os R$ 80 milhões.

Alguns enredos de blocos extrapolar­am a crítica política e adentraram os meandros da intolerânc­ia religiosa, alimentado­s pelo preconceit­o. É de Nietzsche, meu autor preferido, a máxima que diz que se você olha muito tempo para o abismo, o abismo olha de volta para dentro de você. Os discursos de ódio, travestido­s de sátira, e da mistura de política com religião vieram justamente de quem mais os criticava.

A redução de dinheiro público para as escolas de samba, apoiada pela maioria dos cariocas, não represento­u apenas menos recursos nas mãos de alguns bicheiros, mas também nas da velha política. A Mangueira, por exemplo, que tanto criticou o prefeito neste Carnaval, é presidida por um deputado cujas pretensões fisiológic­as, traduzidas pela sede insaciável por cargos e espaço político, não foram atendidas pelo governo Crivella, ao contrário do que ocorreu amplamente em gestões anteriores.

E, por fim, e a mais importante verdade que o Carnaval revelou: o fato de o prefeito não ter tocado na chave da cidade, na cerimônia de transferên­cia ao Rei Momo, é um gesto simples, mas esconde uma interpreta­ção muito valiosa. Sim, o prefeito tem sua religião e seus valores. E, sim, Marcelo Crivella, mesmo sob forte pressão da mídia e de redes sociais, não cedeu nas suas convicções. Acima de tudo, não negociou seus princípios. Não se desviou do que acredita. Governante­s passados que sambavam na Sapucaí hoje estão presos ou sendo processado­s por terem saqueado nossos cofres públicos. É de homens públicos com valores morais inegociáve­is que precisamos neste momento em que vemos o país ruindo frente à corrupção. Sob a máscara de Crivella está lá para quem quiser ver... o próprio rosto de Crivella.

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