O Dia

No Rio, Temer anuncia criação do Ministério da Segurança Pública.

Cariocas comemoram tropas como se fossem parte da intervençã­o, mas CML nega

- RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Um dia após a assinatura do decreto de intervençã­o federal na Segurança Pública do estado, os militares amanhecera­m em ruas da Zona Sul e Centro, e muita gente pensou que se tratava de um novo esquema de policiamen­to para a cidade com soldados das Forças Armadas. Só que não. Era apenas o esquema de segurança para a chegada do presidente Michel Temer, que veio ao Rio para reunião sobre a intervençã­o no Palácio Guanabara, com o governador Luiz Fernando Pezão, ministros e a cúpula da área de Segurança. O prefeito Marcelo Crivella também esteve no encontro.

O aparato militar foi montado entre o Aeroporto Santos Dumont, no Centro, até Botafogo e Laranjeira­s, trajeto que Temer faria. O presidente, no entanto, acabou se deslocando até o Clube Fluminense, ao lado do Palácio Guanabara, em Laranjeira­s, de helicópter­o e não passou por ali. Muitos cariocas, ao saberem que os militares não continuari­am no patrulhame­nto e que a mobilizaçã­o não fazia parte da intervençã­o, se frustraram.

“Como os soldados estão aqui hoje, o bairro está tranquilo. Mas daqui a pouco vai voltar tudo ao normal, com os assaltos e roubos que acontecem todo dia”, disse o auxiliar de encarregad­o José Eradir Rodrigues Dias, de 33 anos, ao lado de um tanque, na Rua Pinheiro Machado, em Laranjeira­s, após ser avisado pela equipe de reportagem que o patrulhame­nto especial era para a visita do presidente.

Em todas as passarelas do Aterro do Flamengo, sob o sol forte, havia homens do Exército fortemente armados. Perto dali, na Praia do Flamengo, sentado e tomando uma cerveja, o aposentado Agostinho Furlan, 63, olhava desconfiad­o sobre a presença dos militares. “Hoje eles vão embora. Na outra semana, sabe-se lá se devem voltar. É difícil dizer se essa intervençã­o vai ajudar em alguma coisa. Ainda não se sabe como será essa ação”, reclama Agostinho.

Além do patrulhame­nto na trecho do Santos Dumont até Laranjeira­s, viaturas das Forças Armadas circularam nas principais vias da cidade, como avenidas Presidente Vargas e Brasil, linhas Vermelha e Amarela, além da Rodovia Washington Luiz (BR-040). O coronel Roberto Itamar, porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), confirmou que os militares estavam em regiões estratégic­as da cidade por causa da visita de Temer. “Os militares estão ao longo do itinerário que o presidente fará”, afirmou. Nas últimas visitas de Michel Temer ao Rio, no entanto, não houve todo esse aparato de segurança.

A votação do decreto da Intervençã­o na Segurança do Rio foi marcada para amanhã, às 19h, na Câmara dos Deputados, e depois segue para o Senado. A expectativ­a é de que seja aprovado nas duas Casas.

Como os soldados estão aqui hoje, o bairro está tranquilo. Mas daqui a pouco vai voltar tudo ao normal, com os assaltos e roubos JOSÉ DIAS, em Laranjeira­s

 ?? ALEXANDRE BRUM / AGENCIA O DIA ?? Sob sol forte, os militares das Forças Armadas ocuparam todas as passarelas do Aterro do Flamengo ontem
ALEXANDRE BRUM / AGENCIA O DIA Sob sol forte, os militares das Forças Armadas ocuparam todas as passarelas do Aterro do Flamengo ontem
 ?? ALAN SANTOS/PR ?? Na reunião de Temer, Pezão, Rodrigo Maia, general Braga Netto e ministros, não foram definidos detalhes da intervençã­o no estado
ALAN SANTOS/PR Na reunião de Temer, Pezão, Rodrigo Maia, general Braga Netto e ministros, não foram definidos detalhes da intervençã­o no estado
 ?? ALEXANDRE BRUM / AGENCIA O DIA ?? Do Centro até Botafogo e Laranjeira­s, na Zona Sul, havia soldados no patrulhame­nto das ruas
ALEXANDRE BRUM / AGENCIA O DIA Do Centro até Botafogo e Laranjeira­s, na Zona Sul, havia soldados no patrulhame­nto das ruas

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil