O Dia

Sucesso do início ao fim, Carnaval da Intendente bate recorde de público

Em cinco dias de desfile, cerca de 200 mil pessoas foram à Avenida em Campinho, Zona Norte do Rio

- RENAN SCHUINDT renan.schuindt@odia.com.br

OCarnaval na Intendente chegou ao fim. Em cinco dias de desfiles, o público deu um show. Só na terça-feira, quando as escolas da Série B cruzaram a avenida, 45 mil pessoas estiveram presentes. De acordo com a Sagre, empresa que produz o evento, este foi um recorde nos últimos dez anos. No total, cerca de 200 mil pessoas participar­am da tradiciona­l festa no bairro de Campinho, na Zona Norte. No ‘Carnaval da família’, a nota dez imperou. Principalm­ente nos quesitos ‘paz e respeito’.

O último sábado marcou o encerramen­to do Carnaval na ‘Passarela do Povão’. Ao todo, 14 escolas da Série E desfilaram no local. A abertura ficou a cargo da Independen­te da Praça da Bandeira, já que a Vaz Lobo desistiu da apresentaç­ão. Na sequência, vieram Mocidade Unida da Cidade de Deus, Independen­tes de Olaria, Boêmios de Inhaúma e Gato de Bonsucesso. O destaque foi a Acadêmicos do Dendê, que foi bastante aplaudida pelo público. União de Campo Grande, Embalo do Engenho Novo, Unidos de Manguinhos e Feitiço do Rio deram continuida­de à noite de desfiles. Já na parte final, vieram Mensageiro­s da Paz, de Guapimirim, Nação Insulana, Colibri e Vicente de Carvalho.

SUPERAÇÃO

Sem dar espaço para os problemas, escolas e componente­s promoveram uma verdadeira aula de superação na Avenida. Apesar do corte de 50% na subvenção este ano, as agremiaçõe­s não deixaram de apresentar o espetáculo para o público, reforça Gustavo Barros, presidente da Liesb. “É inegável que este ano as escolas tenham se superado. Não é fácil driblar a falta de verba. As agremiaçõe­s mostraram sua força, a força de seus componente­s. Provamos que o Carnaval da Intendente merece mais investimen­to”, analisa.

Neste Carnaval, as escolas da Série B contaram com R$ 90 mil de subvenção. Já na Série C, a verba foi de R$ 48 mil. Na Série C, o montante chegou a R$ 21 mil. A Série D é a única que não conta com qualquer quantia. Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da Acadêmicos do Dendê, da Ilha do Governador, se apresentam em frente à cabine dos jurados Na ala das baianas, uma das mais importante­s de uma escola de samba, os homens também têm espaço garantido. Diferente do que ocorre na Marquês de Sapucaí, a regra permite a participaç­ão do sexo masculino na Intendente. No entanto, para que a escola não perca pontos, é necessário manter o mínimo de 30 componente­s nesta ala.

Paulo Ricardo Borges vestiu a fantasia de baiana, literalmen­te, e desfilou pela Independen­tes de Olaria. “Eu vejo de uma maneira muito natural. Afinal, não podemos esquecer que há muitos anos eram os homens que saíam vestidos de baiana durante os desfiles. Algumas pessoas estranham. Não por preconceit­o. E sim, por desconhece­r as regras”, afirma.

Outro que vestiu a saia rodada foi o jovem Alison Castro, de 19 anos. Segundo ele, toda ajuda em favor da escola é bem-vinda. “Nossa escola perderia pontos se viéssemos com um número abaixo do permitido. Como a regra tem essa brecha, a gente não pensa duas vezes. Esta é a segunda vez que saio de baiana. Na primeira, também foi de última hora. Faço isso para ajudar os Na Intendente, homens podem desfilar na Ala das Baianas

colegas, que dão duro para colocar o carnaval na rua”, diz.

Formada preferenci­almente por senhoras, a ala das baianas foi introduzid­a nos desfiles durante a década de 30. Trata-se de uma homenagem

às antigas ‘tias’ dos primeiros grupos de samba do Rio de Janeiro, no início do século 20. Na época em que o ritmo era marginaliz­ado, eram elas que muitas vezes abrigavam os sambistas em suas casas.

Na década de 1940, era comum que os homens desfilasse­m vestidos como baianas. Contudo, a prática passou a ser proibida no Rio nos anos 1990. Somente em 2006 houve a liberação nos grupos de acesso, a partir de uma intervençã­o da Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro (AESCRJ). Vale lembrar que as fantasias das baianas contam pontos para o quesito Fantasia. Já o modo como desfilam conta pontos em Evolução. Apesar disso, toda escola deve se apresentar com um número mínimo de baianas, que varia de acordo com a série de disputa da agremiação.

 ?? ALEXANDRE FARAH ALEXANDRE FARAH ??
ALEXANDRE FARAH ALEXANDRE FARAH
 ?? ALEXANDRE FARAH ?? Componente­s deram show de superação durante os desfiles
ALEXANDRE FARAH Componente­s deram show de superação durante os desfiles
 ??  ?? Rainha de Bateria da Feitiço do Rio, de Vila Isabel
Rainha de Bateria da Feitiço do Rio, de Vila Isabel
 ?? RENAN SCHUINDT ??
RENAN SCHUINDT
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil