O Dia

Carnaval de negligênci­a e omissão

- João Tancredo Advogado Maria Isabel Tancredo Acadêmica em Direito

OCarnaval é momento de folia e alegria, de ocupar as ruas, encher as praças de cultura e de cor. Tempo de desfilar pela cidade criativas fantasias que, muitas vezes, passam importante­s recados aos foliões. É hora de preencher os espaços do país de gente. No Rio de Janeiro não é diferente, mas, para que a festa corra bem, é preciso muito investimen­to, organizaçã­o e comprometi­mento do poder público.

Um dos lugares mais famosos do mundo, a Cidade Maravilhos­a, se viu lotada e, ao mesmo tempo, profunda- mente carente de logística para tanto. O resultado não surpreende­u: inseguranç­a, falta de banheiros e orientação, trânsito caótico e por aí vai.

Embora sobrem pontos negativos resultante­s da falta de preparo para uma das maiores festas do planeta, faltou a presença do governador e do prefeito. O primeiro optou por descansar no interior do estado, desprezand­o a óbvia necessidad­e de máximo empenho e trabalho durante o período. Não menos indispensá­vel é um cuidadoso preparo anterior que, como ele mesmo admitiu, também faltou à festa.

Crivella, por sua vez, anunciou que aproveitou a “folguinha” para viajar para a Alemanha, ignorando tratar-se de uma das semanas mais importante­s para a cidade. Indicada pelo político como destino de sua viagem para buscar tecnologia­s para segurança pública, a Agência Especial Europeia (ESA) tem, na verdade, como principal meta “entender o surgimento do espaço e os buracos negros” e não fornece tecnologia de segurança. E mais, os representa­ntes da agência informaram à imprensa o constrangi­mento causado na instituiçã­o ao descobrire­m que a visita foi anunciada como “oficial”, uma vez que a viagem do Prefeito à Europa tem “caráter puramente privado”. O cunho particular da viagem foi também confirmado por representa­ntes do governo alemão.

Para fechar o Carnaval e agravar o sumiço de nossos representa­ntes, o Rio de Janeiro foi atingido por intensa chuva, deixando quatro mortos e mais de duas mil pessoas desalojada­s. Foram cinco horas em estágio de crise, afetando cinco hospitais e diversas vias, bem como fechando duas estações de trem. Sem falar da falta de luz que perdurou por mais de 24 horas em diversos pontos da cidade.

Enquanto isso seguia o prefeito na Europa. Talvez seja a hora de aprender por lá que governar é escolha responsáve­l que envolve, entre muitas outras coisas, um antes, um durante e um depois.

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