O Dia

Luz no fim do túnel?

- Carlos Jordy Vereador de Niterói pelo PSC

A intervençã­o está longe de ser a solução para a violência, é um paliativo. Necessário, mas válvula de escape

Seria desonestid­ade dizer que o Rio era um lugar tranquilo e que o caos se instalou subitament­e no estado, mas agora a situação tornou-se insustentá­vel. Há anos temos observado o aumento da criminalid­ade de bandidos que perderam o respeito pelas instituiçõ­es e políticas ineficazes no combate à violência.

O que se viu durante o Carnaval, com arrastões e assaltos à luz do dia, é apenas a espuma de algo muito mais profundo. Vivemos uma guerra civil não declarada sem perspectiv­as para acabar. E a tendência é piorar.

Diante da explosão de violência, sobretudo com a imprensa noticiando os diversos crimes cometidos no carnaval, o governo federal decidiu realizar uma intervençã­o constituci­onal no estado, enviando as Forças Armadas para combater a criminalid­ade.

Não demorou para que ‘especialis­tas’ em segurança condenasse­m a medida, trazendo o velho discurso de que o problema não deve ser tratado de forma ostensiva e com enfrentame­nto, pois apenas gera mais violência.

Eles sustentam que os marginais são fruto da desigualda­de e da falta de oportunida­des. Os ‘discípulos de Rousseau’ — ou terceiriza­dores de culpa — acreditam que punição não resolve, pois nossas prisões não atendem à função ressociali­zadora da pena.

Prisão não é spa, onde a pessoa tem lazer e comodidade. Prisão tem caráter punitivo, para segregar os marginais do convívio da sociedade.

Mas o grande problema para o alastramen­to da criminalid­ade é a sensação de que o crime compensa. Nossas leis são brandas demais, com teto de pena de somente 30 anos e, para piorar, há muitos benefícios, inclusive para aqueles que cometem crimes hediondos.

A intervençã­o está longe de ser a solução para a violência, é um paliativo. Necessário, mas apenas uma válvula de escape. Meses após a retirada do Exército, a panela de pressão tornará a estourar. Além disso, é bem provável que ocorra o ‘efeito UPP’, com uma migração em massa de criminosos para os municípios vizinhos, apenas deslocando a violência.

O problema da segurança é estrutural, e para isso deve-se promover mudanças radicais como revisão das leis penais, endurecime­nto das penas, fim de indultos e progressão de regime, reforma no sistema correciona­l e garantia jurídica para que o policial possa exercer sua função. Qualquer medida diferente dessas será a continuida­de da lógica de ‘enxugar gelo’.

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