O Dia

Intervençã­o mais ampla

- General Umberto Andrade Presidente da Associação de Diplomados da Escola Superior de Guerra

Aintervenç­ão federal no Rio de Janeiro buscou atender a um clamor pela ordem, diante do caos instalado no estado e na cidade. O crime, a desordem urbana, a decomposiç­ão de valores e princípios ficaram expostos e tornaram-se intoleráve­is aos olhos da população. A ausência das autoridade­s e a falta de liderança foram causas mais imediatas da decisão.

A Constituiç­ão prevê que a intervençã­o poderá ocorrer para pôr termo à grave perturbaçã­o da ordem pública, e é bastante que um quadro de transtorno se instale e que o estadomemb­ro não queira ou não consiga enfrentá-lo de forma eficaz.

O presidente da República é o comandante supremo das Forças Armadas e a ele compete determinar o seu emprego, ouvido o Congresso Nacional. Os militares têm um sentido muito acurado de cumpriment­o do dever legal, de disciplina e de hierarquia. A capacidade de liderança é atributo ensinado, treinado e exercitado no dia a dia.

A experiênci­a no Haiti por 13 anos em missão de manutenção da paz qualifica o Exército Brasileiro para o desempenho de missões de Garantia da Lei e da Ordem. Considerad­as as peculiarid­ades, havia no Haiti regras claras de engajament­o, que não são um salvo-conduto para o cometiment­o de excessos, mas outorgam segurança jurídica à tropa.

A intervençã­o federal não resolve toda a crise no estado. O grave quadro de perturbaçã­o da ordem social está presente não só na Segurança, mas também na Saúde, na Educação e na Administra­ção de um modo geral, pela ausência de liderança e condições mínimas para conduzi-la. Uma intervençã­o mais ampla, como mecanismo drástico e excepciona­l, talvez fosse necessária para manter a integridad­e dos princípios basilares previstos no preâmbulo da Constituiç­ão.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil