O Dia

Dialogando com a arte urbana

Exposição do artista Anderson de Souza ocupa o Palácio Tiradentes, e público vai poder intervir nas obras

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Apartir de amanhã, o Palácio Tiradentes (Alerj) reabre suas instalaçõe­s ao público com a exposição ‘Diálogos Urbanos’, do artista Anderson de Souza. As obras serão expostas no Salão Nobre da Assembleia Legislativ­a do Estado do Rio de Janeiro até o dia 23 de março, de segunda a sábado, das 10h às 17h, com entrada franca.

Original de Barra do Piraí, Anderson é formado em jornalismo e começou a trabalhar com charges e cartoons nas redações por onde passou. Durante a década de 1990 e anos 2000, apresentou suas obras em galerias e museus em algumas capitais do Brasil, como São Paulo e Belo Horizonte. Enquanto isso, ele se dedicou ao curso de Artes Visuais da Universida­de Estadual de Campinas (Unicamp) com enfoque em artes urbanas.

Apesar do estudo voltado para as manifestaç­ões de arte de rua, o artista ainda não havia saído dos ambientes restritos à arte de observação, na qual, segundo ele, há “uma santidade da obra, onde não se pode encostar, não é possível interferir, tem faixas de segurança e câmeras vigiando, há um mito”. Somente no início desta década, mergulhou no grafite de rua.

“Há sete anos o bichinho do grafite me mordeu e é um vício”, diz.

iNTERVENÇío

Segundo Anderson, quando a arte é levada às ruas, ocorre uma intervençã­o natural vinda das pessoas que passam por ela, seja por um rabisco, uma mensagem de protesto ou panfletos colados. A proposta da exposição ‘Diálogos Urbanos’ gira em torno desse conceito, uma vez que os visitantes poderão manusear giz, canetas e até deitar e pisar em algumas das obras. “Diante dessa experiênci­a, as pessoas serão agentes participat­ivos, ao invés de apenas espectador­es”, afirma ele.

Anderson explica a razão por trás de seus traços. Embasado na pesquisa realizada na Unicamp sobre sociedade do controle, ele diz: “Esses grandes olhos significam câmeras de segurança. Aonde quer que nós vamos hoje em dia tem uma câmera de segurança nos vigiando, e isso tira nossa espontanei­dade”. E o artista continua: “E os sorrisos são uma espécie de sorriso sarcástico, como se estivesse dizendo: ‘Sorria, você está sendo controlado’ ”.

Após pintar muros em Nova York, Lisboa e Amsterdã, no ano passado, Anderson traz obras inéditas que simbolizam sua bagagem nos últimos anos com o grafite. A exposição, promovida pelo Departamen­to de Cultura da Alerj, sob a direção de Fernanda Figueiredo, mescla a arquitetur­a neoclássic­a do palácio, a alcunha de Casa do povo atribuída à Câmara dos deputados e a possibilid­ade de expressão concedida aos visitantes. Elementos que compõem a experiênci­a, que promete levar muitas mãos ao queixo.

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O artista Anderson de Souza (alto) e algumas das suas obras expostas no Palácio Tiradentes até o dia 23 de março
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