PTB desiste de Cristiane Brasil como ministra
Após imbróglio judicial, Helton Yomura é novo indicado para a pasta do Trabalho
Presidente nacional do partido, Roberto Jefferson, pai da indicada, diz que tomou decisão para proteger integridade da filha. Novo nome é Helton Yomura.
Opresidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, desistiu ontem de indicar a filha, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), para o Ministério do Trabalho. Segundo Cristiane, o partido indicou o ministro interino do Trabalho, Helton Yomura, para ser efetivado no cargo em seu lugar. “Meu pai, Roberto Jefferson, acertou a indicação de Yomura com o ministro Carlos Marun”, disse a deputada.
O nome de Yomura, no entanto, já enfrenta resistência dentro do PTB. Para a bancada na Câmara, o ideal é que o novo ministro fosse um deputado do partido. Há, no entanto, dificuldades em achar um nome, porque a maioria dos parlamentares deseja disputar a reeleição, e o prazo de desincompatibilização está cada vez mais próximo: 7 de abril.
‘CAÇA ÀS BRUXAS’
Pelo Twitter, Roberto Jefferson afirmou que a decisão do partido em desistir de indicar Cristiane foi tomada “para proteger a integridade da parlamentar” e para não deixar a administração da pasta paralisada.
Jefferson escreveu que a decisão foi tomada “diante da indecisão da ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, em não julgar o mérito neste semestre”. A indicação de Cristiane Brasil havia sido barrada por uma série de decisões judiciais e estava no Supremo.
“Agradecemos ao presidente Michel Temer e aos companheiros do partido pelo apoio e respeito com Cristiane durante esse período de caça às bruxas”, ponderou Jefferson. Cristiane foi barrada pelo STF
Na semana passada, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, determinou que a competência para julgar o caso é da Corte, e não do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que havia liberado a posse da deputada do PTB do Rio como ministra. Na prática, até que o plenário do STF julgasse o caso, Cristiane ficaria impedida de assumir o ministério.
Em nota, a deputada afirmou que “não foi possível esperar a decisão” do STF e que agora “estava pronta para esclarecer” as questões levantadas a seu respeito.
ImBRóglIo JUDICIAl
A deputada federal foi indicada pelo presidente Michel Temer para assumir o Ministério do Trabalho no lugar de Ronaldo Nogueira, que pediu demissão para se dedicar às eleições deste ano.
Cristiane foi anunciada para o cargo no dia 3 de janeiro, e a sua nomeação, confirmada dia 4. No entanto, no dia 8 de janeiro, o juiz federal Leonardo da Costa Couceiro, da 4ª Vara Federal de Niterói, suspendeu a posse de Cristiane, argumentando que a nomeação desrespeitava a moralidade administrativa, pois a deputada já fora condenada pela Justiça Trabalhista.
O magistrado alegou também que a deputada “praticou pessoalmente graves violações das leis trabalhistas, flagradas e comprovadas em, pelo menos, duas demandas judiciais”.
O governo insistiu por mais de um mês no nome de Cristiane, defendendo o discurso que é poder do presidente, estabelecido na Constituição, de escolher ministros.