O Dia

Rússia cede no Conselho de Segurança, que vota por trégua de 30 dias em Ghuta

Enfim, um cessar-fogo na Síria

- > Nova York, Estados Unidos

OConselho de Segurança da ONU adotou de forma unânime, ontem à tarde, resolução pedindo “sem demora” cessar-fogo humanitári­o na Síria. Foram 15 dias de adiamentos e mal-estar diante das cenas de horror em Ghuta, reduto rebelde alvo de intensos ataques dos aviões do regime de Bashar al-Assad. Já passa de 500 o número de civis mortos — um quinto é de crianças.

O texto adotado ontem, muitas vezes emendado ao longo da semana, “pede que todas as partes cessem as hostilidad­es sem demora por pelo menos 30 dias consecutiv­os na Síria para uma pausa humanitári­a durável”. O objetivo é permitir o fornecimen­to regular de ajuda humanitári­a e de serviços e a evacuação médica de doentes e feridos mais graves.

“Este não é um acordo de paz sobre a Síria, o texto é puramente humanitári­o”, ressaltou o embaixador da Suécia, Olof Skoog, cossignatá­rio do texto com o Kuwait. No entanto, exclusões ao cessar-fogo para os combates contra os grupos extremista­s Estado Islâmico e Al-Qaeda foram con- templadas. A pedido de Moscou, também incluem “outros indivíduos, grupos, entidades, associados com a Al-Qaeda e o EI, bem como outros grupos terrorista­s designados pelo Conselho de Segurança”.

Essas exclusões podem dar margem a interpreta­ções contraditó­rias, uma vez que Damasco descreve como “terrorista­s” os rebeldes apoiados pelo Ocidente. O respeito ao cessar-fogo é, portanto, incerto.

ESTOCADAS

Após um pedido por garantias feito pela Rússia, o Conselho planeja se reunir novamente sobre esse assunto em 15 dias para analisar se o cessar-fogo está sendo devidament­e implementa­do.

A aprovação do cessar-fogo não livrou a Rússia de críticas ao vivo. “Hoje vamos ver se a Rússia tem consciênci­a”, disparou Nikki Haley, embaixador­a americana na ONU, antes da votação. Sexta-feira à noite, a diplomata foi ainda mais contundent­e. “É inacreditá­vel que Moscou esteja enrolando para permitir ajuda humanitári­a na Síria. Quantos precisarão morrer para que votemos?”

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AFP/AMMAR SULEIMAN Bombardeio­s do regime sírio continuara­m ontem, e não se sabe quando o cessar-fogo entrará em vigor
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AFP/HAMZA AL-AJWEH Crianças são atendidas em um hospital improvisad­o em Ghuta

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