O Dia

Subsecretá­rio é exonerado do cargo, suspeito de atentado contra jornalista que era contra o prefeito

Rivalidade às vias de fato em Embu

- > Embu das Artes, São Paulo Reportagem da estagiária Luana Dandara sob supervisão de Eduardo Pierre

Subsecretá­rio de Tecnologia e Comunicaçã­o da Prefeitura de Embu das Artes, na Grande São Paulo, e membro do MBL (Movimento Brasil Livre), Renato Oliveira foi exonerado do cargo na última semana após ser acusado de envolvimen­to em um ‘crime político’. Indiciados por lesão corporal grave, Renato e seu segurança pessoal, o agente penitenciá­rio Lenon Roque, são suspeitos de um atentado em 28 de dezembro do ano passado contra o jornalista Gabriel Binho, do site ‘Verbo Online’. O veículo de Binho tem postura crítica em relação ao prefeito Ney Santos (PRB), para quem Oliveira trabalha.

O subsecretá­rio teria jogado o automóvel contra a moto de Binho na Rodovia Régis Bittencour­t. O segurança Lenon ainda teria sido o autor de três disparos contra o jornalista, que conseguiu se proteger, mas fraturou o tornozelo.

Horas depois, Binho recebeu uma mensagem no Facebook, dizendo que os próximos tiros seriam “no meio da cara dele para aprender a parar de ser falador”.

O subsecretá­rio e o amigo confessara­m que procuraram o jornalista, mas, segundo eles, para conversar sobre um “assunto pessoal, motivado por questões familiares”.

“Quando baixamos o vidro, falei: ‘Binho, vamos conversar, encosta aí que quero conversar com você’”, disse Oliveira. Para ele, o jornalista pode não ter percebido que era ele que se aproximava, se desequilib­rou e caiu da moto.

O subsecretá­rio negou, porém, que tenha havido disparos de arma de fogo contra Binho. A pena para este tipo de crime é de um a cinco anos de reclusão, mas Oliveira e Lenon responderã­o em liberdade.

O jornalista disse ao portal de notícias ‘Ponte’ que “não existe nenhuma possibilid­ade de não ter pessoas ligados ao governo” no atentado.

PREFEITURA DUVIDOSA

A gestão Ney Santos é envolta em polêmica. O prefeito é investigad­o pela Promotoria por participaç­ão em organizaçã­o criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico. Ele só assumiu após obter liminar no Supremo, depois de ficar 42 dias foragido. De 2003 a 2005, Santos ficou preso por roubo. Também foi acusado de usar postos de gasolina para lavar dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital).

O prefeito informou que afastou o subsecretá­rio devido à “repercussã­o na mídia como sendo um possível atentado contra a liberdade de imprensa” e ao seu “apreço aos profission­ais da categoria”.

Já a Câmara dos Vereadores de Embu divulgou uma moção de repúdio sobre o caso.

O MBL divulgou nota em que afirmou que Oliveira foi expulso da organizaçã­o no meio de 2016, apesar de não divulgar documento comprovand­o a informação.

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REPRODUÇÃO DO FACEBOOK O jornalista Gabriel Binho, logo após o ataque a tiros em dezembro. À esquerda, o ex-secretário Renato Oliveira (de óculos), ao lado do prefeito Ney Santos, em visita a Brasília
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ARQUIVO PESSOAL

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