É tempo de superar a violência
Inspirados no tema da Campanha da Fraternidade padres querem combater realidade violenta da região
Maus tratos, abandono, abuso sexual, trabalho infantil, violência contra a mulher e homicídios. Índices que tem crescido na Baixada Fluminense. Segundo o ISP a região tem o maior número de mortes violentas do estado em intervenções policiais. No último levantamento, divulgado no ao passado, registrou 23% dos casos de homicídios de mulheres do Estado do Rio, 9 mil registros de lesão corporal dolosa e concentrou 10% dos casos de estupro do estado. Números que despertam a preocupação da população e de padres da região, que inspirados na Campanha da Fraternidade, que este tem como tema a superação da violência, estão empenhados em promover a paz e a justiça.
“A busca de soluções alternativas à violência para resolver os conflitos assumiu, atualmente, um caráter de dramática urgência. É, portanto, essencial a busca das causas que originam a vio- lência, em primeiro lugar as que se ligam a situações estruturais de injustiça, de miséria, de exploração, nas quais é necessário intervir com o objetivo de superá-las. A Campanha da Fraternidade deveria ser trabalhada de maneira ecumênica, tamanha a importância do tema”, afirma o Frei Athaylton Jorge Monteiro Belo, o Frei Tatá, de São João de Meriti, que luta pela igualdade racial.
Em Queimados, o Conselho Tutelar atendeu 5.240 mil crianças e adolescentes no ano passado, com denúncias de diferentes origens. “É preciso olhar a realidade, agir sobre ela, transformando-a. A convivência pacífica e a sociabilidade violenta parecem disputar os mesmos espaços no cotidiano. Vejo pelos lugares onde vou que a violência faz parte da realidade em que comportamentos assim foram se tornando normais, comuns. Essa cultura é produzida pelos indivíduos, que, ao mesmo tempo, se tornam vítimas do próprio sistema de violência. Isto tem que ter um basta”, disse o Padre Renato Chiera, fundador da Casa do Menor.
Os municípios da Baixada Fluminense registraram no ano passado 1.955 mortes violentas intencionais, quase duas vezes maior que a Capital, que registrou 1.124 mortes. “É o resultado da precariedade das políticas públicas de educação, saúde, moradia, saneamento e emprego na região”, disse Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil.
Precisamos superar a violência que exclui e discrimina e nos coloca nesta calamidade social”, afirma padre Renato.