O Dia

APÓS VARREDURA DO EXÉRCITO EM PRESÍDIO, AGENTES ACHAM GRANADA DE EFEITO MORAL

Dois dias depois da vistoria feita pelas tropas federais na cadeia Milton Dias Moreira, guardas penitenciá­rios localizara­m o artefato explosivo na unidade.

- ADRIANA CRUZ adrianacru­z@odia.com.br

Informaçõe­s do Serviço de Inteligênc­ia da Secretaria de Administra­ção Penitenciá­ria (Seap) levaram agentes da pasta a apreendere­m uma granada de efeito moral no Presídio Milton Dias Moreira, em Japeri, no dia 23 — dois dias após a maior varredura de militares do Exército na unidade. Foram 250 homens, com direito a 24 peritos com detectores de metais e seis cães farejadore­s, para vasculhar o local com 2.051 internos, palco de uma rebelião com 18 reféns. Nos bastidores, o encontro do artefato é tratado como um sinal de alerta de que, além do aparato operaciona­l das Forças Armadas, há necessidad­e de investimen­tos em equipament­os — o raio-x estava quebrado — e rigor na apuração do caso pela Corregedor­ia.

Ao assumir o Ministério Extraordin­ário da Segurança, Raul Jungmann, fez uma análise dura, porém já bem conhecida, de que o sistema carcerário é o escritório do crime organizado. “Foi dentro do sistema prisional brasileiro que surgiram as grandes quadrilhas que nos aterroriza­m. As prisões são o ‘home office’ do crime organizado”, afirmou, sem esmiuçar de que forma a realidade será mudada. No pente-fino na Milton Dias Moreira, mostraram-se ineficazes o uso de detectores

Seap pede a intervento­r construção de nova unidade prisional em Gericinó

de metais, porque as celas são de ferro, e de cães farejadore­s, já que o ambiente insalubre dificulta o reconhecim­ento de odores.

No Rio, a população carcerária chega a quase 52 mil internos. No diagnóstic­o da Seap apresentad­o ao ‘time’ do intervento­r federal, general Walter Braga Netto, como O DIA publicou com exclusivid­ade semana passada, as preocupaçõ­es da Seap estão com o pagamento dos fornecedor­es de alimentos, cuja falta poderia gerar rebeliões, e a dificuldad­e no transporte de presos, já que apenas oito das 36 viaturas estão em condições de funcionar. Como proposta, apresentar­am projeto para conclusão da obra de um presídio no Complexo de Gericinó, com capacidade para 600 internos, que poderia desafogar outras unidades. Além disso, pediram investimen­tos no setor de informátic­a e manutenção dos 33 aparelhos de raio-x que foram doados pela Alerj.

O aparato militar está previsto na Garantia da Lei e da Ordem (GLO). No Milton Dias, a ação resultou na apreensão de 48 celulares, 205 papelotes que seriam de cocaína, 151 invólucros de erva seca e três tabletes de maconha.

Um objetivo da intervençã­o é recuperar a credibilid­ade, o orgulho de ser policial GENERAL BRAGA NETTO

A recomposiç­ão de efetivos (...) vai representa­r uma melhoria no policiamen­to ostensivo GENERAL MAURO SINOTT

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SEVERINO SILVA Em sua primeira entrevista coletiva, o intervento­r Braga Netto (segundo da direita para esquerda) e sua equipe não apresentar­am ações práticas na Segurança Pública do Rio
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Militares das Forças Armadas fizeram ontem na Vila Aliança, em Bangu, mais uma operação para destruir barricadas do tráfico em comunidade­s

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