APÓS VARREDURA DO EXÉRCITO EM PRESÍDIO, AGENTES ACHAM GRANADA DE EFEITO MORAL
Dois dias depois da vistoria feita pelas tropas federais na cadeia Milton Dias Moreira, guardas penitenciários localizaram o artefato explosivo na unidade.
Informações do Serviço de Inteligência da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) levaram agentes da pasta a apreenderem uma granada de efeito moral no Presídio Milton Dias Moreira, em Japeri, no dia 23 — dois dias após a maior varredura de militares do Exército na unidade. Foram 250 homens, com direito a 24 peritos com detectores de metais e seis cães farejadores, para vasculhar o local com 2.051 internos, palco de uma rebelião com 18 reféns. Nos bastidores, o encontro do artefato é tratado como um sinal de alerta de que, além do aparato operacional das Forças Armadas, há necessidade de investimentos em equipamentos — o raio-x estava quebrado — e rigor na apuração do caso pela Corregedoria.
Ao assumir o Ministério Extraordinário da Segurança, Raul Jungmann, fez uma análise dura, porém já bem conhecida, de que o sistema carcerário é o escritório do crime organizado. “Foi dentro do sistema prisional brasileiro que surgiram as grandes quadrilhas que nos aterrorizam. As prisões são o ‘home office’ do crime organizado”, afirmou, sem esmiuçar de que forma a realidade será mudada. No pente-fino na Milton Dias Moreira, mostraram-se ineficazes o uso de detectores
Seap pede a interventor construção de nova unidade prisional em Gericinó
de metais, porque as celas são de ferro, e de cães farejadores, já que o ambiente insalubre dificulta o reconhecimento de odores.
No Rio, a população carcerária chega a quase 52 mil internos. No diagnóstico da Seap apresentado ao ‘time’ do interventor federal, general Walter Braga Netto, como O DIA publicou com exclusividade semana passada, as preocupações da Seap estão com o pagamento dos fornecedores de alimentos, cuja falta poderia gerar rebeliões, e a dificuldade no transporte de presos, já que apenas oito das 36 viaturas estão em condições de funcionar. Como proposta, apresentaram projeto para conclusão da obra de um presídio no Complexo de Gericinó, com capacidade para 600 internos, que poderia desafogar outras unidades. Além disso, pediram investimentos no setor de informática e manutenção dos 33 aparelhos de raio-x que foram doados pela Alerj.
O aparato militar está previsto na Garantia da Lei e da Ordem (GLO). No Milton Dias, a ação resultou na apreensão de 48 celulares, 205 papelotes que seriam de cocaína, 151 invólucros de erva seca e três tabletes de maconha.
Um objetivo da intervenção é recuperar a credibilidade, o orgulho de ser policial GENERAL BRAGA NETTO
A recomposição de efetivos (...) vai representar uma melhoria no policiamento ostensivo GENERAL MAURO SINOTT