O Dia

Ministro da Segurança demite o chefão da PF

Ministro surpreende­u e trocou comando da Federal. Secretário de Justiça assume

- > Brasília

Em um de seus primeiros atos, Raul Jungmann exonerou Fernando Segovia. Entre as várias polêmicas em que se meteu, ele deu palpites sobre o inquérito que investiga o presidente Temer e minimizou as provas de corrupção.

Por decisão do ministro extraordin­ário da Segurança, Raul Jungmann, o delegado Fernando Segovia foi demitido ontem do comando da Polícia Federal. Jungmann, em seu primeiro dia à frente do novo cargo, colocou o delegado Rogério Galloro, da Secretaria Nacional de Justiça, no lugar.

Galloro é ex-diretor-executivo da PF e tem mais de 22 anos de carreira. Segovia foi pego de surpresa com a decisão, já que ficou à frente da instituiçã­o pouco menos de quatro meses. O delegado tomou posse em 20 de novembro do ano passado.

Durante este período, ele protagoniz­ou episódios polêmicos. No momento de maior crise, Segovia teve que se explicar ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, por sugerir em entrevista que a tendência da Federal era recomendar o arquivamen­to do inquérito contra o presidente Michel Temer, no caso do Decreto dos Portos.

Nesta segunda-feira, a procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, chegou a ameaçar pedir o afastament­o de Segovia caso ele voltasse a se manifestar sobre inquéritos.

Apesar disso, o delegado participou ontem da posse de Jungmann na Segurança e foi um dos puxadores de palmas ao ministro.

De acordo com auxiliares do presidente, Jungmann argumentou que precisava fazer uma nova composição na pasta recém-criada e pediu aval de Temer.

Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, reiterou a surpresa com a demissão.

“Se ele falou algo e falou demais, muitos outros têm falado demais também, o Poder Judiciário e o Ministério Público também (falam). Não é uma prática dele falar demais. Falou uma vez, talvez esteja pagando o preço por isso”, comentou.

Logo após a troca de comando da PF, o ministro Barroso autorizou a prorrogaçã­o por 60 dias do inquérito que investiga se Michel Temer beneficiou a empresa Rodrimar na edição de um decreto voltado ao setor portuário.

HISTÓRICO

Fernando Segovia assumiu a Polícia Federal após a ‘aposentado­ria’ do delegado Leandro Daiello Coimbra, que dirigiu a instituiçã­o por seis anos e dez meses, o mais longevo diretor no período democrátic­o.

Sob a gestão de Coimbra, a PF protagoniz­ou as maiores operações de combate à corrupção, entre elas a Lava Jato, a Acrônimo e a Zelotes.

O novo diretor, Rogério Galloro, foi inclusive indicação do ex-diretor-geral. Galloro também era a preferênci­a do ministro da Justiça, Torquato Jardim.

Os delegados da PF declararam ‘apoio integral’ a Galloro, mas sugerem a ele que ‘prestigie a independên­cia funcional’ da categoria. Eles querem que o chefe da corporação ‘apoie integralme­nte’ a autonomia da Federal, antiga aspiração da classe.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil