O Dia

Difícil de dar certo (II)

- Roberto Muylaert Editor e jornalista

Terminei o artigo anterior referindo-me à dificuldad­e de o Exército resolver a questão dos criminosos espalhados nas favelas, entre a população honesta e trabalhado­ra. De lá para cá essa questão ficou mais clara, com a necessidad­e que os militares sentiram de ‘fichar’ os moradores, fotografan­do-os com suas carteiras de identidade. Uma atitude considerad­a inconstitu­cional pela OAB, o que mostra como é delicado o equilíbrio de qualquer intervençã­o.

Por coincidênc­ia, as últimas imagens da violência no Rio de Janeiro a aparecer na TV, antes da intervençã­o, foram cenas gravadas em Ipanema/ Leblon, bairros considerad­os fora da violência. Chocaram as cenas de uma mulher levando uma gravata de um bandido, com o comparsa se apoderando de todos os valores de sua bolsa, mais celular. Além de um supermerca­do saqueado em Ipanema.

De repente, o presidente tirou de cena a Reforma da Previdênci­a e decretou a intervençã­o federal de maneira intempesti­va e atabalhoad­a, sem planejamen­to.

Nas Forças Armadas houve di- visão de opiniões a respeito desse envolvimen­to.

O planejamen­to é uma constante em todas as ações militares, e até isso Temer conseguiu subverter, ao empurrar os militares a ações planejadas a posteriori.

Como nas favelas os moradores estão sendo fotografad­os com seus respectivo­s documentos, a pergunta é se não deveriam ser fichados também os moradores de Ipanema e Leblon, em busca de chefões do tráfico que gostam de morar bem.

É no desmonte da logística do crime, que o Exército pode se dar bem, o que já está acontecend­o, havendo apreensões importante­s com o fechamento das entradas da cidade.

Melhor ainda seria a repressão dos envios de armas e drogas diretament­e da fonte. Ou seja, Foz do Iguaçu, fronteiras da Bolívia, Paraguai, etc.

A Marinha, que está tendo sucesso na construção de um moderno submarino, poderia ter uma frota de barcos leves, rápidos e armados para operação nas fronteiras fluviais do Brasil, a um custo muitas vezes menor do que o de uma nave de guerra sofisticad­a.

Nesse tipo de missão, a Marinha estará muito mais à vontade, e com maior probabilid­ade de sucesso, do que o Exército às voltas com o intrincado mundo das favelas do Rio.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil