O Dia

Inspiração em 81

Fla aposta em Carpegiani, dono do mapa da mina, para bater River Plate na luta pela taça

- VITOR MACHADO vitor.machado@odia.com.br

De portões fechados, Fla estreia na Liberta diante do River Plate e conta com a experiênci­a do técnico campeão para voltar a conquistar a América.

ALibertado­res é o tesouro perdido do Flamengo há 37 anos. A fim de reencontrá-lo, o Rubro-Negro aposta em quem estava lá e conhece o mapa da mina. Com Paulo César Carpegiani no comando da expedição, o time incia suas buscas contra o River Plate, hoje, às 21h45, no Nilton Santos. Para quem fez parte da equipe que desbravou a América em 1981, ter o treinador à frente da jornada aumenta as chances de a missão ser bem-sucedida. Afinal, quem ajudou a escrever o capítulo mais valioso da trajetória do clube não quer deixá -lo enterrado no passado.

“É sempre bom ter no comando gente que tem conhecimen­to não só de futebol, mas da história do clube. O Flamengo tem uma boa equipe, fez investimen­to grande. Tomara que o Paulo (César Carpegiani) consiga passar isso para eles, mostrando as dificuldad­es de um caminho tão longo”, afirma Zico, líder máximo daquela cruzada de quase quatro décadas atrás.

Segundo o Galinho, que ergueu a taça, joia tão cobiçada, Carpegiani teve papel fundamenta­l na conquista. Muitas vezes ofuscado pelo brilho de um elenco que valia mais do que ouro, o treinador, de acordo com o maior ídolo da torcida do Flamengo, colocou a campanha rubro-negra no rumo da glória, ao mudar a forma de ela atuar: “Ele montou uma filosofia de jogo, com jogadores que tinham muita técnica, mas que não eram fortes na marcação. Adotou um sistema de pressão e posse de bola. Tirando os pontas e trazendo Tita e Lico para fechar o meio, aperfeiçoo­u o que o Coutinho (antecessor de Carpegiani) fazia.”

Ao escalar apenas um cabeça de área, na visão de Andrade, Carpegiani repete parte da fórmula vencedora em 1981. Camisa 6 e único volante daquele time, o técnico do hexa brasileiro de 2009 enxerga na semelhança do esquema tático um bom começo: “A princípio, a ideia é essa: um volante e mais um meia. Isso deixa o time mais ofensivo. Mas claro que o plantel é outro e são peças diferentes.”

Se agora a caminhada rumo ao sonho dourado passa por competitiv­idade, antes ela era trilhada em jogos com cara de batalha campal. Os adversário­s entravam com a faca nos dentes. Ou de pedra na mão, como fez Mario Soto, do Cobreloa, na final. Realidades diferentes, só que nem tanto, de acordo com Tita, outro campeão de 37 anos atrás.

“Hoje também é guerra, só que a gente pode ver tudo. Eu me lembro que há três, quatro anos, encontrei o Mario Soto. Perguntei como ele fazia para bater nos caras. Ele fa- lou: ‘Tita, era só uma câmera, que focava na bola. Eu ia no lance e, quando voltava, dava um soco’ Hoje, são 16 câmeras. Pega tudo. Melhorou muito para o espetáculo.”

Parece consenso entre os que conquistar­am o continente pelo Flamengo que a presença de Carpegiani aumenta a possibilid­ade de sucesso. Raul Plassmann, goleiro daquela conquista, no entanto, faz uma ressalva: “Carpegiani é um técnico vitorioso. Mas tem que ter time. Não adianta trazer o Guardiola para um timinho pequeno. Não vou julgar o material do Flamengo porque não tenho acompanhad­o os jogos.”

Embora considere difícil comparar as duas épocas, Adílio vê, nos trabalhos de Carpegiani, continuida­de em relação a 1981. Para o camisa 8 daquela conquista, quem ouvir o treinador “vai se dar muito bem”: “Ele foi um treinador privilegia­do, jogou com a gente, sabia o que o grupo queria. Foi só tocar nos pontos específico­s, continuand­o o que o Coutinho havia realizado. Com ele, sabemos que o Flamengo está muito bem.”

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Comandante campeão em 1981, Carpegiani tem a missão de quebrar um longo jejum
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