Homem rouba a estatueta do Oscar de melhor atriz e acaba preso
Noite sem surpresas e bastante politizada coroou ‘A Forma da Água’, de Del Toro
Festa máxima do cinema e uma das datas mais significativas da indústria do entretenimento, a 90ª entrega do Oscar, ontem de madrugada, encarou de frente — embora com leveza e algum humor — a recente onda de reações contra assédio e os pedidos de maior representatividade. A cerimônia mais ‘real’ dos últimos tempos, porém, consagrou uma fábula. ‘A Forma da Água’, uma bem-feita mas insossa história de amor entre uma faxineira muda e um humanoide anfíbio, foi o grande vencedor da noite, com quatro estatuetas — incluindo Diretor, para o mexicano Guillermo del Toro, e Melhor Filme.
Os inimigos da vez não foram poupados. O mestre de cerimônias, Jimmy Kimmel, apresentadores de categorias e laureados fizeram várias menções a Donald Trump e a ex-poderosos do showbiz acusados de abuso sexual — como o produtor Harvey Weinstein.
Salma Hayek, Ashley Judd e Annabella Sciorra, que garantem ter sido vítimas de Weinstein, apresentaram vídeo com depoimentos sobre representatividade e justiça e declararam que as coisas mudaram. “Todo mundo está recebendo uma voz para expressar algo que vinha acontecendo desde sempre, não só em Hollywood, mas em cada segmento da vida”, falou Mira Sorvino.
Kumail Nanjiani, comediante de origem paquistanesa indicado pelo roteiro do autobiográfico ‘Doentes de Amor’, resumiu: “Alguns dos meus filmes favoritos foram feitos por homens brancos heterossexuais sobre homens brancos
heterossexuais. Agora vocês podem ver filmes comigo e se identificar. Não é tão difícil, fiz isso minha vida inteira”.
O rapper Common, que interpretou com Andra Day uma das canções da noite, criticou Trump. “Um presidente que se move com ódio/ Ele não controla nosso destino / Porque Deus é grandioso”, cantou.
O discurso mais impactante foi da Melhor Atriz, Frances McDormand, de ‘Três anúncios para um crime’. Ela pôs a estatueta no chão e pediu para as mulheres indicadas em todas as categorias ficarem de pé. “Olhem em volta, damas e cavalheiros, porque todas temos histórias para contar, projetos para ser financiados”, disse, aplaudida.“Não falem conosco nas festas esta noite. Convidem-nos aos seus escritórios, em alguns dias, ou podem vir aos nossos, o que for melhor, e lhes falaremos delas”, bradou. “Tenho duas palavras, ‘inclusion rider’”, concluiu, em referência a cláusula nos contratos que garante diversidade na equipe.