O Dia

Os afro empreended­ores

- Ângelo Freitas

Existe uma subcategor­ia no mundo do empreended­orismo (hoje já reconhecid­a por organizaçõ­es co moo Sebrae) chamada de‘ afro empreended­orismo ’. Trata-sede qualquer empreendim­ento focado exclusivam­ente no público negro. O surgimento desse termo no vocabulári­o da economia bra sile iraé novo, assim como o reconhecim­ento d eque esse público, ésim,u ma grande e potencial fatia de mercado.

Hoje, no país, nós negros somos mais de 50% da população, de acordo com o IBGE. Porém, há mais de 20 anos, quando montei meu primeiro negócio focado nesse público, nós nem éramos contados. E muito menos o nosso dinheiro. E menos ainda a nossa opinião. No setor de beleza, no qual construí boa parte dos meus empreendim­entos, o caminho era ainda mais complicado. Muito se falava em alisamento japonês, em escova marroquina… O cabelo liso, como sempre, estava em alta. Mas pou- co (ou quase nada) se falava em valorizar os cachos, em black-power. Sobre empoderame­nto, então... Nem sonhávamos com esse neologismo.

Ao desenvolve­r o projeto da rede de salões de beleza Raízes Salão Afro, junto com a minha esposa e sócia, Bárbara Moura, que valorizava o crespo e o cacheado das clientes, percebi o quanto esse mercado era carente. Não somente de bons profission­ais, mas também de produtos e serviços.

Estima-se que em 2017 a população afro-brasileira movimentou até R$1 trilhão no país. Somos 11 milhões de empreended­ores

A ausência de produtos para esse tipo de cabelo era tão grande, que pouco tempo depois, decidi criar minha própria marca, a Onduladus, a primeira do país totalmente focada no público negro. Confesso que preconceit­o na minha vida empresaria­l não sofri, mas na época que criei a marca de produtos e vivia viajando para os Estados Unidos para acompanhar o desenvolvi­mento de algumas formulaçõe­s, muitos não acreditava­m no potencial do negócio e por vezes fui desencoraj­ado por ‘especialis­tas’.

Hoje, fabricamos toneladas nos maiores parques fabris do Brasil. Nota-se que a realidade do afroempree­ndedor mudou. E muito. Segundo uma pesquisa do Data Popular, em 2007, o rendimento anual da classe média negra estava em torno de R $337 bilhões, passando aR$ 554 bilhões em 2010. Os últimos números apontam para uma movimentaç­ão de R$ 800 bilhões ao ano. E estima-se que em 2017 a população afro-brasileira movimentou até R$1 trilhão no país.

E não para por aí. Segundo o Banco Interameri­cano de Desenvolvi­mento, o Brasil possui, hoje, 11 milhões de empreended­ores afrodescen­dentes. Sim, somos muitos! E isso me enche de orgulho. Muito mais do que um ‘nicho’, o povo negroéa maioria noBr asile, economicam­ente falando, ainda temos muito potencial de cresciment­o.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil