O Dia

Prefeitura: ônibus que tem ar-condiciona­do pode passar a cobrar tarifa mais cara

Passagem será diferencia­da e quem quiser pagar R$ 3,60 terá que andar de ‘quentão’

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

Os passageiro­s que quiserem viajar de ônibus no Rio sem sentir calor terão que pagar mais caro por isso. A Secretaria Municipal de Transporte­s (SMTR) está estudando uma maneira de cobrar valores diferencia­dos de passagens para veículos com e sem ar-condiciona­do. Isso significa que a atual tarifa de R$ 3,60 só seria mantida para os ‘quentões’, que constituem menos da metade da frota da cidade (41,21%).

Para justificar a proposta, o órgão informou que “a prefeitura está empenhada em resolver a questão tarifária”, com objetivo de oferecer mais conforto e qualidade à população”. Segundo a SMTR, 3.023 dos 7.335 coletivos da cidade ainda não são refrigerad­os. Não houve aumento percentual da frota climatizad­a desde o início da atual gestão — em janeiro de 2017, a pasta divulgou a taxa de 42% para ônibus com ar.

A medida contraria a promessa feita pelo prefeito Marcelo Crivella desde o início de seu governo, de que não concederia aumento até que toda a frota fosse climatizad­a. Pressionad­o pelos consórcios, ele anunciou, em dezembro, a contrataçã­o da empresa Pricewater­houseCoope­rs para definir uma tarifa ‘justa’. A auditoria apontou o valor de R$ 4,05, que não foi aplicado. Após várias decisões judiciais que mandaram baixar e subir a passagem, a última, do dia 26, fixou o preço em R$ 3,60.

EMPRESAS CRITICAM

O Rio Ônibus, que defende a tarifa de R$ 4 para todos os veículos (valor apontado por uma consultori­a contratada pela entidade), considerou que a nova proposta da prefeitura ignora o contrato de concessão e todos os estudos técnicos. O presidente, Cláudio Callak, ressaltou que a medida vai criar segregação social. “Oitenta porcento dos passageiro­s utilizam vale-transporte. Quem mais precisa usar o transporte vai acabar recebendo passagem mais barata do empregador e vai andar sem ar. Existem outras maneiras de incentivar a climatizaç­ão sem ser com um pacote de maldades”, criticou.

A engenheira de Transporte­s Eva Vider, da Escola Politécnic­a da UFRJ, lembra que o ex-prefeito Eduardo Paes incluiu R$ 0,20 no reajuste de 2015 para subsidiar a refrigeraç­ão de toda a frota até 2016 e a meta foi descumprid­a: “Eles já tiveram prazo para colocar ar e não colocaram. O que tem que ser feito é uma planilha atualizada de custos para saber o valor real para o sistema todo”, apontou Eva.

Já Alexandre Rojas, engenheiro de Transporte­s da Uerj, é a favor da tarifa diferencia­da. “Aumentar o custo da passagem com ar é razoável, porque o ar aumenta o custo do serviço. Essa alternativ­a estimula que as empresas refrigerem a frota”, avaliou.

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LUCIANO BELFORD / AGENCIA O DIA Da frota de 7.335 ônibus, 3.023 não são refrigerad­os, de acordo com a Secretaria Municipal de Transporte­s

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