O Dia

Comerciant­es começaram a ser recadastra­dos

Moradores que tiveram quiosques destruídos na Praça Miami, na Vila Kennedy, ainda vivem incerteza de como vão garantir sustento

- RENAN SCHUINDT renan.schuindt@odia.com.br Colaborou Paloma Savedra

Apesar do cadastrame­nto que a prefeitura começou a fazer ontem na associação de moradores, o clima foi de desconfian­ça entre os comerciant­es que tiveram os quiosques demolidos na última sexta-feira, na Praça Miami, na Vila Kennedy. Após a ação ‘desastrosa’ da fiscalizaç­ão, a volta ao trabalho é uma incerteza e muitos não têm outra forma de sustento. Embora o prefeito Marcelo Crivella tenha prometido a abertura de linha de crédito que viria para facilitar a vida dos trabalhado­res, vários têm restrições no nome, o que pode dificultar o empréstimo.

Segundo o coordenado­r de Feiras da Secretaria Municipal de Desenvolvi­mento, Emprego e Inovação, Eduardo Cataldo, o cadastro será aproveitad­o por outras pastas.”Além das atividades, listamos todos os equipament­os que perderam. Um estudo de viabilidad­e técnica está sendo feito e logo eles poderão retomar às atividades. Acredito que daqui a duas semanas a maioria esteja trabalhand­o novamente. Outras secretaria­s vão usar os dados que foram coletados. que vão direcionar projetos em prol das famílias”, afirmou.

Outra dúvida é em relação às tendas que seriam oferecidas para amenizar a situação. Os modelos são os usados em feiras como a que acontece na Rua do Lavradio, Lapa. Segundo os comerciant­es, a opção não atenderia a todos, já que muitos vendem alimentos ou mantêm atividades que precisam de energia elétrica.

É o caso de Liliane Trigueiro, que trabalha no local há mais de 12 anos com o marido.”Estamos nos reerguendo aos poucos. Esperamos que as promessas que foram feitas sejam cumpridas. As tendas são válidas, mas não atendem a todos. Cada quiosque tinha funcioname­nto específico, conforme as necessidad­es”, disse.

Vendedora de quentinhas e frango assado, Grasiele Gomes não sabe como pagará o aluguel deste mês. Com cinco filhos e um neto morando na mesma casa, a preocupaçã­o é grande. “Foi prometido o Aluguel Social. Mas até lá, o que vai ser de nós? Temos que comer, vestir, se locomover. É angustiant­e”, relata.

Há pouco mais de nove meses, Érica Dias decidiu investir R$3,5 mil em um pequeno salão de beleza, na Praça Miami. Fruto de uma rescisão de contrato, o dinheiro serviu como ponte para que os três filhos tivessem uma vida mais digna. Ontem, os quatro acordaram sem ter o que comer.

“Não demoliram apenas meu sonho, mas o da minha família. Há dois dias que contamos com ajuda dos vizinhos. Hoje, não tinha pão para meus filhos. Não precisava ser assim. Eu tinha clientes marcados ao longo da semana, mas perdi todos os equipament­os. Eram 25 alicates de unha e cada um custou em média, R$ 30”, fora o restante”, desabafa.

COBRANÇA DE TAXAS

Quando já estiverem com toda a documentaç­ão pronta, os vendedores não só assumirão os quiosques, mas também começarão a pagar taxas. O valor ainda será definido, porém, a secretária de Desenvolvi­mento e Emprego, Clarissa Garotinho, estima que seja no valor de R$ 80 por trimestre.

“Serão feirantes legalizado­s, e eles vão poder trabalhar como todos os comerciant­es da cidade. Vai ter taxa, e quem calcula é a Fazenda. É um valor simbólico. Normalment­e, é taxa de R$ 80 por trimestre, média de cerca de R$ 26 por mês”, disse a secretária.

Ela informou que a pasta vai atuar para a qualificaç­ão profission­al dos comerciant­es da região. “A gente vai buscar formato, ou com o Senai, ou até mesmo com a ESPM, que já faz um programa muito bacana”, afirmou Clarissa Garotinho.

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ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA O recadastra­mento de comerciant­es que perderam os quiosques foi feito na associação de moradores
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ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA Érica investiu R$ 3,5 mil em pequeno salão de beleza e perdeu tudo

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