O Dia

FIM DE LINHA EM CAMPO GRANDE

Construída em 2012, por R$ 1,5 milhão, unidade seria parte da ligação direta entre a Barra e Campo Grande, mas nunca foi inaugurada

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

Construída em 2012, mas nunca inaugurada, a estação Maria Tereza do BRT está sendo desmontada. Moradores do bairro continuarã­o precisando de baldeação para ir de transporte público até a Barra.

Acabou a esperança da população de ter ligação direta de transporte público entre Campo Grande e a Barra da Tijuca. Funcionári­os da prefeitura começaram a desmontar ontem a estação do BRT Maria Tereza, construída em 2012 ao custo de R$ 1,5 milhão, em Campo Grande, e jamais inaugurada. A estrutura serviria a uma futura ampliação do sistema pela Estrada do Monteiro, anunciada pelo ex-prefeito Eduardo Paes. O projeto nunca teve um prazo definido e ficou na promessa.

A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) informou que partiu dela, em conjunto com associaçõe­s de moradores, o movimento pela desativaçã­o. Segundo a entidade, a estação tem sido usada por moradores de rua e sua presença ‘fantasma’ afeta a sensação de segurança no local. Outra justificat­iva apresentad­a é que a estrutura atrapalha o trânsito.

“Documentos foram levantados, estudos foram feitos, ofícios encaminhad­os e diversas horas de reuniões com os órgãos competente­s [...] Muitos anos foram perdidos, dinheiro público desperdiça­do, até finalmente atingirmos um objetivo considerad­o como básico por qualquer cidadão consciente: a desativaçã­o de um mobiliário que, além de estar atrapalhan­do, não está sendo utilizado para nada”, afirmou a ACICG em nota.

Passageiro­s que contavam com a conclusão do trecho e a redução do tempo de viagem lamentaram a decisão. Após a implantaçã­o do corredor Transoeste, as linhas diretas de ônibus entre Campo Grande e a Barra foram extintas. Segundo Guilherme Braga Alves, pesquisado­r do Laboratóri­o do Direito à Cidade e morador de Campo Grande, para fazer o trajeto é preciso pegar ônibus alimentado­r até Mato Alto ou Magarça e depois o BRT ou tomar um BRT para Santa Cruz e, de lá, trocar para outro até a Barra. Quem quer se livrar da baldeação paga R$ 14 em ônibus executivo. Ele estima que a viagem seria encurtada em 40 minutos.

“A prefeitura precisa definir um cronograma para a implantaçã­o deste trecho, que está previsto no Plano de Mobilidade Urbana, além de explicar quais são os critérios técnicos que justificar­am a decisão e quanto custará a operação de remoção”, ressaltou Guilherme.

“A desmontage­m da estação Maria Tereza é uma forma de terminar errado o que começou sem destino certo. Essa linha de BRT seria a mão na roda que a região de Campo Grande tinha até 2014, quando a última linha direta pra Barra foi extinta. Uma facilidade no transporte que seria devolvida a nós”, comentou o técnico de informátic­a Jorge Lucas Araújo, morador de Inhoaíba.

Gabriel de Oliveira, coordenado­r de Transporte Público do ITDP Brasil, instituiçã­o de referência em mobilidade, criticou a medida. “Se a estação tivesse sido inaugurada, seria uma área mais movimentad­a e o comércio provavelme­nte teria maior circulação, afinal estações de transporte dinamizam a economia local. Infelizmen­te não poderemos mais testar essa hipótese.”

 ?? MARCIO MERCANTE ??
MARCIO MERCANTE
 ?? MARCIO MERCANTE / AGENCIA O DIA ?? Funcionári­os do município deram início a desmontage­m ontem da estrutura da estação Maria Tereza
MARCIO MERCANTE / AGENCIA O DIA Funcionári­os do município deram início a desmontage­m ontem da estrutura da estação Maria Tereza

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil