O Dia

O verbo do momento

- Fernando Scarpa

Eu apequeno, tu apequenas, ele apequena... Êta! Que verbo gostoso de conjugar! Os meninos querem treinar, mas Tia Carmem não quer deixar. Toffoli fez beicinho, só trabalha se a tia pautar. O colega Aurélio quer apequenar, não importa a repercussã­o, custe o que custar!

O futuro da senadora Gleisi, de Lula e de outros meliantes depende da conjugação do verbo. Abusada, passou a mão em meia dúzia de militantes de nariz empinado. Armada do “cumpanheir­o” e fatiador do impeachmen­t, rumou ao gabinete da ministra Cármen Lúcia para cobrar a pauta.

O medo da cadeia é iminente, precisa da ação do verbo. Em outro momento grotesco da história da República, a bancada da chupeta ocupou a mesa do Senado, impedindo a votação. Numa outra, foram a pé cumprimen- tar Dilma, crédulos de que não haveria impeachmen­t. Vana dançou e, hoje com bens indisponív­eis, esperneia. Os fanáticos insistem na volta de Lula, relativiza­ndo seus erros. Perder o poder é complicado, retornar, mais ainda.

Se eleição sem Lula fere a democracia, condenação sem prisão fere a lei. Meliantes? Aos costumes, cadeia já!

A era petista se esvai nessa queda de braços amputados entre segmentos do Judiciário. De um lado, os braços fortes concursado­s, do outro, os manetas nomeados, última esperança do PT e de muitos. É desconfort­ável prender Lula para quem um dia o bajulou soconsider­ado nhando com a indicação ao cargo, deitado no travesseir­o, se imaginando de capa preta esvoaçante adentrando o plenário, acima do bem e do mal!

Péssima jogada da senadora: decisões emocionada­s não cabem na política. Se Cármen Lúcia pretendia reverter a segunda instância, ela melou tudo. Se colocar em pauta, Gleisi colhe os louros da vitória e, por ironia e contradiçã­o, teremos uma Suprema Corte pequena.

Lula, gravado em loucas falas, mandava a mulherada do PT cair em cima de autoridade­s, apostando no poder das “de grelo duro”. Palavras chulas de quem acha bonito não ter escolarida­de e ter sido presidente. Hoje, precisa aprender que não se vive de mentiras. Ofender magistrado­s é mau negócio. A cachaça é um inferno, solta a língua em triste espetáculo. Se alguma mudança foi articulada por Pertence junto ao STF, a senadora destruiu a possibilid­ade. Se eleição sem Lula fere a democracia, condenação sem prisão fere a lei. Melhor esquecer o verbo. Meliantes? Aos costumes, cadeia já!

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