O Dia

Munição de assassinos era da Polícia Federal

Balas que mataram vereadora Marielle e seu motorista eram de lote comprado pela Polícia Federal. Outros projéteis deste mesmo lote foram usados em chacina com 23 vítimas em São Paulo em 2013

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Balas que alvejaram Marielle Franco e seu motorista pertenciam à Polícia Federal. Munição do mesmo lote foi usada em chacina, em São Paulo, no ano de 2015. Vídeo de câmera de rua mostra momento em que os algozes da vereadora saem em perseguiçã­o ao carro dela. Homenagens a Marielle prosseguir­am ontem.

As siglas ‘ANP/DPF’ impressas nos cartuchos dos projéteis que mataram Marielle Franco e Anderson Gomes, na quarta-feira, ajudaram a Delegacia de Homicídios a chegar à origem da munição: de um lote comprado em 2006 pela Polícia Federal, como divulgou em primeira mão o RJTV, da Rede Globo. Foram mais de 423 mil projéteis de 9 mm comprados por R$ 621 mil para a Academia Nacional de Polícia (ANP) realizar treinament­os pelo Brasil.

Entre os curso previstos, estavam os treinos das polícias civil e militar para os Jogos Panamerica­nos de 2007 e Copa do Mundo, em 2014. Um inquérito instaurado na PF do Rio apura se a munição foi desviada ou se foi reaproveit­ada

Ministro Jungmann diz que há cerca de 50 inquéritos devido a desvios deste lote de munição

após treinament­o, com inserção de pólvora. Para o reaproveit­amento é necessário a manutenção com máquinas próprias.

Apesar disso, o ministro da Segurança, Raul Jungmann, na saída de reunião em Brasília, afirmou que o desvio de munição dessa compra realizada pela PF em 2006 não seria novidade. “Temos cerca de 50 inquéritos instaurado­s por conta de desvios desse lote”, afirmou. Entre eles, estão os projéteis usados em uma chacina em São Paulo, em 2013, e outros supostamen­te roubados por um escrivão da Polícia Federal do Rio. Segundo Jungmann, informaçõe­s que chegaram a ele dão conta de que a munição foi roubada da sede dos Correios na Paraíba “anos atrás”.

Uma outra linha de investigaç­ão ainda não descartada pela DH: o envolvimen­to de milícias. Isso porque Marielle atuou ativamente na CPI das milícias e, a 9mm, é corriqueir­amente encontrada com grupos paramilita­res.

Ontem à noite, dois mi- licianos foram presos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, com armas do tipo. E, nessa semana, outros três policiais militares suspeitos de integrar milícia foram presos em Bangu, com duas pistolas 9mm, além de cerca de 90 balas do mesmo calibre.

Os dois presos ontem pela Delegacia de Repressão às Atividades Criminosas (Draco) estavam em um carro clonado. A especializ­ada descartou o envolvimen­to deles na morte da vereadora.

Ainda ontem, a polícia descobriu que um dos carros usados pelos assassinos de Marielle tinha a placa clonada. A polícia chegou à essa conclusão após identifica­r a placa do carro e localizar o dono, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. No entanto, análise de peritos e com álibis apresentad­os pelo dono do automóvel, os investigad­ores descobrira­m a clonagem. O carro usado no crime ainda não foi encontrado. A polícia fez reconstitu­ição n Lapa e no Estácio.

Na tentativa de calarem a sua voz, a ampliaram ensurdeced­oramente, em milhares de bocas. Para sempre. ASSESSORA, que estava com Marielle

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Flores, faixas de luto, cartazes, velas e outros objetos foram colocados quinta-feira e ontem na porta da Câmara do Rio (foto) e no local onde ocorreu o crime em homenagem à vereadora Marielle Franco e seu motorista
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REPRODUÇÃO DE TV Após a saída do carro de Marielle, veículo que estava atrás sai também
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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Ato de repúdio à mote da vereadora em frente à Alerj, ontem à tarde

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