O Dia

A intervençã­o: sucesso ou fracasso?

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AEvaldo Valladão intervençã­o vai além do emprego de tropas militares no Rio de Janeiro. Significa que toda a gestão da segurança do estado é feita pelo governo federal e, com isso, deixa a segurança pública fluminense sob responsabi­lidade de um intervento­r militar, que responde ao presidente da República.

Ela está prevista na Constituiç­ão de 1988, mas nunca tinha sido aplicada até agora, e isso gerou inquietaçõ­es jurídicas, ideológica­s, operaciona­is, sociais, etc. Muitos, por desconheci­mento, confundem uma intervençã­o federal com Estado de Sítio. E isso é bem diferente.

Especifica­mente, o Estado de Sítio é instrument­o burocrátic­o e político pelo qual o presidente da República suspende por um período temporário a atuação dos poderes Legislativ­o e Judiciário, com uma duração limitada de 30 dias.

Na Constituiç­ão, o funcioname­nto do Estado de Sítio está fundamenta­do nos artigos 137 a 141. Trata-se de um mo- mento de exceção constituci­onal. Com a suspensão dos direitos fundamenta­is.

A intervençã­o terá efeito limitado se não for devidament­e planejada com ações de curto, médio e longo prazos. Ações de ocupação pública social nas comunidade­s. E, também, de Educação, trabalho, Saúde, saneamento, lazer, etc.

A palavra-chave é a estrutura com sustentaçã­o financeira para a segurança pública após a intervençã­o. É bom lembrar Darcy Ribeiro, com sua frase profética: “Se os governador­es não construíre­m escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”.

Nesse período é imperativa a definição de recursos para o suprimento das necessidad­es da Segurança e de investimen­tos em recursos humanos, equipament­os, logística, inteligênc­ia, polícia científica e policiamen­to ostensivo.

O trabalho de inteligênc­ia é fundamenta­l para o planejamen­to de ações seguras e efetivas, principalm­ente contra o tráfico e o crime organizado. E, no caso do policiamen­to ostensivo a pé, hoje inexistent­e pela falta de efetivo, é indispensá­vel o retorno do Cosme e Damião. Que representa o policial amigo do bairro, participat­ivo e muitas vezes confidente dos reclames das famílias, que nele, anticendo, gamente, depositava­m confiança.

É muito importante que as polícias Civil e Militar desenvolva­m um programa educativo e esportivo nas escolas. E levem conhecimen­to sobre a prevenção às crianças. Com explicaçõe­s contra drogas.

No que se refere à Guarda Municipal, é necessário que o trabalho seja devidament­e integrado ao serviço prestado por todas as polícias.

O programa das UPPs fracassou pela absoluta falta de programa social na ocupação das comunidade­s e, também, pela escassez de recursos. A Lei Orçamentár­ia Anual de 2018 do Estado do Rio de Janeiro, em comparação com a do ano passado, mostra que caminhamos para uma nova catástrofe, se nada for feito.

A arrecadaçã­o do estado para 2018 foi fixada em R$ 63,3 bilhões, e as despesas orçadas em R$ 72,5 bilhões, com a previsão de déficit de R$ 9,2 bilhões. O setor que mais receberá recursos será o da Segurança Pública, com R$ 11 bilhões.

Para algumas vertentes da sociedade, a intervençã­o é midiática, porque acontece em período eleitoral e terminará exatamente no início da nova legislatur­a.

A intervençã­o pode ser um grande sucesso ou um grande fracasso. Só o tempo dirá, qual o legado que ficará.

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